A Verdadeira Circuncisão na Nova Aliança
O apóstolo Paulo, em Gálatas 5:6, ensina que na Nova Aliança, a circuncisão física ou a falta dela não têm valor algum; o que realmente importa é ser uma nova criatura. A verdadeira transformação não é externa, mas interior, operada pelo Espírito Santo. Trata-se da regeneração ou novo nascimento.
Em Filipenses 3:3, Paulo reforça essa ideia ao afirmar que a verdadeira circuncisão é espiritual. Ela se manifesta em servir a Deus em espírito, gloriar-se somente em Cristo e não confiar na carne. Aqueles que depositam sua confiança nas obras para alcançar a salvação são, na realidade, espiritualmente incircuncisos. Assim como são incircuncisos espirituais aqueles que resistem ao Espírito Santo.
Da mesma forma, em Colossenses 2:11, Paulo menciona que a circuncisão genuína não se refere a um mero despojo da carne, mas a uma transformação interior operada pela obra consumada de Cristo na cruz.
A redenção consumada na cruz, através do sacrifício imaculado de Jesus opera uma verdadeira circuncisão em nosso coração.
O Significado Espiritual da Circuncisão do Coração
A circuncisão do coração está profundamente relacionada à renúncia do velho homem e de seus caminhos pecaminosos. Ela implica em uma mudança radical na postura espiritual do ser humano, abandonando a teimosia contra a Lei de Deus, a dureza de coração, a superficialidade no entendimento do pecado e a relutância em falar por Deus.
Enquanto a circuncisão física trouxe orgulho religioso produzido pelo formalismo e o fanatismo cego, a circuncisão do coração opera a humildade e a dependência da misericórdia e graça de deus.
O profeta Jeremias descreve essa transformação como a gravação da Lei no coração. Davi a ilustra como um novo coração limpo e um espírito reto. Ezequiel chama esse processo de “um novo coração e um novo espírito”, uma verdadeira ressurreição espiritual. Habacuque ensina que “o justo viverá pela fé” (Habacuque 2:4), e Jesus, o Messias, apresenta essa mudança como um novo nascimento, sem o qual ninguém pode ver ou entrar no Reino de Deus (João 3:3-5).
Somente o Messias pode prover essa circuncisão do coração. Por meio de Sua santificação sumo sacerdotal até a morte e Sua ressurreição, Ele concede essa transformação aos que creem. O Espírito de Deus, derramado sobre homens e mulheres, traz vida ao deserto de nossas almas, luz à nossa escuridão moral e submissão gentil à nossa rebelião.
A circuncisão espiritual e um rasgar da alma feito pela mensagem da cruz, somos pobres pecadores que recebemos o perdão dos pecados, porque Cristo nos remiu, pagando a divida que nos pertencia e sofrendo a penalidade que era totalmente nossa.
A Religião Externa versus a Transformação Interior
O judaísmo rabínico, ao longo dos séculos, desenvolveu uma religiosidade exterior, baseada em tradições humanas, distanciando-se da verdadeira fé revelada pelos profetas de Israel. O Talmude e Maimônides tentaram transferir a herança do Messias para a nação, reinterpretando textos como Isaías 53 para aplicá-los coletivamente a Israel, em vez de ao Servo Sofredor, que é o próprio Messias.
Os líderes religiosos idolatraram o sábado, a circuncisão, a nação, os mestres rabínicos, o Templo e a Arca, da mesma forma que gerações anteriores idolatraram Neustan (2 Reis 18:4). No entanto, negligenciaram a humildade, a pureza e a piedade. Esse erro não é exclusivo dos judeus rabínicos; vemos algo semelhante em outros grupos religiosos, como muçulmanos e católicos romanos e gregos, onde frequentemente, quanto mais ‘ortodoxos’, menos santos, humildes e cuidadosos, tornando-se cada vez mais corrompidos por um legalismo estéril.
Assim, a verdadeira circuncisão não é um ritual externo, mas uma transformação do coração operada pelo Espírito Santo. Como Estevão proclamou diante dos líderes religiosos de sua época:
“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo: assim como fizeram vossos pais, assim também fazeis vós.” (Atos 7:51)
O chamado à circuncisão do coração continua sendo relevante hoje: Deus deseja um povo que O adore em espírito e em verdade, transformado por Sua graça e vivendo em santidade.
Um incircunciso de coração pode ter toda uma pompa exterior, ele se baseia em emoções, experiências e sentimentos, exerce sua crença por vista, busca satisfazer seu ego religioso com coisas espetaculares, não lhe interessa a simplicidade da justificação pela fe nem a confiança total em Cristo, ele buscara todos os apetrechos religiosos que lhe proporcionarão orgulho e confiança nas obras.
Clavio J. Jacinto