
Há um grande problema hoje na
cristandade. A invasão do espiritualismo, a crença de que podemos ouvir vozes
do mundo sobrenatural e sermos orientadas por elas. Quase sempre nas
Escrituras, quando anjos se manifestaram, foram manifestações visíveis e não invisíveis.
As raras exceções tinha alguém presente com um alto nível de discernimento,
como na voz de Deus no Batismo de Cristo e na transfiguração, e mesmo nesses
dois casos, não foi uma voz interior, mas exterior, e todos os presentes
ouviram. No espiritualismo, o contato é psicológico ou mental, telepatia,
locuções interiores, channelling (canalização), nos casos mais extremos,
manifestação exteriores, materializações etc. A complexidade do tema envolve
uma gama de experiências espiritualistas, desde a voz da intuição até supostos
contatos mentais com seres de outros planetas, tudo envolve uma fenomenologia
espiritualista muito vasta. Se não existir um critério para provar toda essa
vastidão de experiências e fenômenos, estaremos submergindo num verdadeiro
oceano de contradições, enganos e confusão espiritual. O problema é mais sério do que podemos
imaginar.
Vozes interiores, locuções
internas, contatos com seres dimensionais, o espiritualismo está cheio dessas
experiências, na maioria delas, subjetivas e confusas. Há variações no campo da experiência mística
espiritualista. Os xamãs fazem suas viagens espirituais libertando a alma do
corpo e irão manter assim, contato com um universo de espíritos, já os médiuns
evocam os espíritos e em estado de transe tornam-se os canais ou instrumentos
de supostos espíritos desencarnados. Há
uma variação muito grande de contatos, desde encontros complexos com seres de
outras dimensões, experimentados em evocações, experiências de quase morte,
mediunidade, canalização, até ataques sinistros com supostos alienígenas que seqüestram
suas vitimas e colocam implantes em humanos. É muito diversificada a experiência
mística e espiritualista. Os mais simples, parecem menos inofensivos, porem não
menos perigosos, vozes interiores como atribuídos a hierarquia celestial, são
comuns no catolicismo romano, desde muito tempo, e parece que o movimento
pentecostal carismático faz apologia a mesma experiência. Há pouco tempo vi um
líder dizer que”Deus Falou com ele” a experiência era uma simples voz
intuitiva, tão comum entre os adeptos da nova era. Alias, ao abordamos a
temática da nova era, encontramos muitas pessoas com experiências místicas de
natureza mediúnica, psicografia, psicofonica, canalização, há médiuns que
afirmam ter contato com seres intraterrestres, extraterrestres e intra-oceânicas.
De qualquer forma, experiências com fenômenos de luz, êxtases, vozes
interiores, locuções interiores e exteriores, é um fenômeno muito comum no
espiritualismo dentro das religiões, e no esoterismo, dentro do catolicismo, há
até mesmo alguns que afirma manter contato com as almas do purgatório. O mundo
sobrenatural é uma realidade, pode ser negado por céticos e ignorado por
incrédulos, mas os registros e os testemunhos apontam para experiências verdadeiras, mesmo que em alguns
casos, haja falsificações, truques e distúrbios psicológicos.
Receber mensagens de espíritos,
ouvir vozes paranormais, receber revelações do além, é uma parte essencial do
ocultismo e do espiritualismo. Na
verdade é a base fundamental de uma suposta certeza, a experiência espiritual é
o cerne da crença espiritualista em suas diversas formas. Assim em vimos que
aquele que experimenta algo sobrenatural, estabelece a sua cosmovisão
espiritual pela experiência que recebe. Vimos isso por exemplo em quem
experimentou visões, teve contato com seres de luz, entidades interdimensionais
ou espirituais, experimentou um êxtase ou algo similar. As pessoas se agarram a
isso, e a experiência determina a sua crença e suas convicções. Primeiro,
porque ela vive algo pessoal, experimentada pelos seus sentidos, depois acaba
por sentir-se importante, o ego lança uma armadilha, a pessoa acredita ser
muito espiritual, santa, escolhida, especial etc. Esse é o grande perigo, a
grande armadilha do espiritualismo., são as luzes coloridas, os sentimentos
agradáveis e os êxtases, as aparições fantásticas, os fenômenos e os milagres,
sinais e maravilhas,tudo isso são apenas
iscas, para atrair os incautos. Atraídos e engodados por um egocentrismo, a vitima
cai na armadilha do diabo e torna-se fantoche do mundo sobrenatural e espíritos
enganadores. Nosso mundo é vasto teatro espiritual de falsas encenações. Por
trás da cortina desse palco, há algo sinistro. Precisamos estar atentos a isso.
Podemos olhar e ver como existe uma gama de experiências em todas as partes, inclusive dentro da cristandade. Muitos crêem
piamente que a verdade deve ser determinada de forma pragmática, a visão
utilitarista das coisas espirituais é um desvio para a destruição espiritual. A maioria das pessoas que conheço pensam que
pelo fato de alguém profetizar e se cumprir ou de adivinhar certas coisas isso
é uma prova irrefutável de que é de procedência divina, da mesma maneira, os
sentimentos agradáveis ou vocês suaves e fenômenos distintos, como locuções
exteriores (vozes externas) materializações de luzes, aromas, e coisas
fantásticas, então procedem de Deus, e não devem ser questionadas. A verdade é
que na nova era, no catolicismo romano, no espiritismo, no ocultismo e no espiritualismo
de um modo geral, estão cheio de testemunhos de pessoas que tiveram
experiências espirituais magníficas, doces, suaves e agradáveis. A teosofista
Alice Bailey tinha contato com um suposto “mestre ascensionado” chamado de
Djwhal Khul que “profetizou” vários acontecimentos que vieram a se cumprir
posteriormente. Esses acertos não podem provar que tal entidade espiritual seja
de fato benigna. George Pember, erudito
cristão, profundo conhecedor do espiritualismo, afirmou em “As Eras Mais
Primitivas da Terra” que o enganador mistura verdades com mentiras, para
seduzir a humanidade. A critério,
sabemos que de Deus vem toda a dádiva e todo o dom perfeito (Tiago
1:7). Não há mistura de engano no
sistema perfeito da revelação de Deus. Isso é uma verdade fundamental. Falhas
doutrinarias estruturais em profecias, locuções interiores ou exteriores e ou
em qualquer tipo de experiências místicas, comprometem todo o sistema da
verdade, devem ser completamente rejeitados.
Nunca podemos concordar que as
vozes ouvidas com freqüências no misticismo procedam de Deus ou de anjos
benditos, ela são contrarias a Palavra revelada, contradizem a Palavra e um
ensino contradiz com outro quando comparados em movimentos diferentes. A
diversidade pode produzir uma síntese, como fazem os adeptos da Nova Era,
colocando todas as crenças antagônicas em um mesmo caldeirão de sincretismo,
porém os absolutos perdem-se num abismo de relativismo. Dentro do movimento
carismático, falando das infinitas experiências pessoais, com que ouvimos alguém afirmar “Deus falou
comigo” com tanta freqüência, é um engano, é confuso e contraditório no seu
âmbito universal, a mística é um campo minado, é um campo aberto para o engano.
A única certeza que temos é a Palavra de Deus e ainda precisamos entender outra
questão mais complexa, a palavra de Deus traduzida de forma correta, ou seja,
apresentada por uma boa versão das Escrituras. Esse princípio também é aplicável
quanto ao aparecimento de anjos, tente pesquisar sobre o caso de um anjo
Chamado Emma que apareceu a Bob Jones no começo da década de 1980 e agora
envolvendo o ministério de Todd Bentley.
Toda a mensagem proveniente do
mundo espiritual é extra-biblica, sendo fora da bíblia, se for de acordo com o
que está escrito, é um acréscimo desnecessário, se for uma nova revelação,
torna-se um acréscimo e automaticamente é uma adição ao texto revelado. Note
que estamos tratando de algo de grande importância, e precisamos usar de um
critério muito sensato para não cairmos no erro de que a Escrituras não são uma
revelação perfeita sobre assuntos espirituais. Quando os limites do “sola
scriptura” são ultrapassados, coisas terríveis passam a acontecer no âmbito
espiritual. A igreja moderna, imersa no carismatismo é uma prova irrefutável da
seriedade dessa questão.
A palavra de Deus por sua vez,
tem a revelação perfeita e completa (Galatas 1:6 a 8 com I Pedro 1:3 e II
Timoteo 3:16 e 17) Não vamos encontrar imperfeições na revelação do novo
testamento. A memorável confusão hoje no espiritualismo e nas religiões
místicas, levaram o Senhor a padronizar seus absolutos na Palavra Escrita e deu
aos homens piedosos a chave do discernimento espiritual : o teste dos espíritos
e conectado a palavra revelada, constitui-se a bussola segura para não cairmos
no engano (I João 4:1 a 11 com Gálatas 1:6 a 8)
O modo de Deus falar hoje é
através de sua Palavra escrita, Deus tem seus meios para se comunicar com seu
povo de acordo com o contexto dispensacional (Hebreus 1:3) nessa era o justo
vive pela fé (Romanos 1:17) e não pela experiência. A palavra é verdadeira e
segura (João 17:17) por isso mesmo isenta de erros, é totalmente correta . Eu creio
em milagres, e que Deus pode agir em determinadas circunstâncias de forma
especial, mas isso é raro hoje em dia. Não é a regra, é a exceção. A voz de Deus está na sua Palavra escrita,
Cristo estabelece essa norma, no seu uso comum, em assuntos sobrenaturais como
vimos em Mateus 4:4 e o contexto imediato. A palavra de Deus é objetiva, as experiências
místicas tem sido esmagadoramente subjetivas ambíguas e contraditórias mesmo
dentro da cristandade. A forma como vimos à palavra pregada de forma expositiva
cumprir sua meta como a “voz segura de Deus” pode ser perceptível de forma
eficiente nas pregações dos homens cheios do Espírito Santo. Há uma fonte inesgotável
de sabedoria e a voz de Deus se expande em significados pelos seus pregadores e
expositores, e isso ocorre de forma não contraditória com o que é revelado,
porque Deus age pelo seu Espírito a fim de que a verdade revelada se estabeleça
de forma maravilhosa diante de seus filhos. Percebemos isso quando lemos “Estudos
no Sermão do Monte” de Martin Lloyd Jones ou os comentários expositivos de Matthew
Henry. Portanto o caminho seguro é a Palavra revelada e não as experiências místicas.
A firmeza de uma igreja está no seu compromisso com as Escrituras, e sempre que
a bíblia é colocada em segundo plano, a subjetividade leva a igreja para a
apostasia. Quanto mais bíblico é um cristão, mais solido será os fundamentos doutrinários
da sua cosmovisão cristã. A visão bíblica da iluminação espiritual é um
conhecimento das Escrituras e não de experiências subjetivas (Salmo 119:105)
Sim o mandamento é lâmpada (Provérbios
6:23) a Palavra de Deus fornece luz espiritual (Salmo 119:130) isso é
oposto ao espiritualismo que busca a iluminação por experiências e fenômenos sobrenaturais
a nível pessoal. Assim também o espiritualismo busca seguir as vozes e as
entidades espirituais, e não a Palavra de Deus. Notemos por exemplo que nessa
questão, Paulo fala sobre a batalha espiritual, ela envolve entidades múltiplas
que enganam e lutam contra a verdade revelada em Efésios 6:10 a 18, mas a única
arma defensiva que ele apresenta contra as hordas espirituais do engano e a
Palavra de Deus.(Efésios 6:17) Nisso vimos a importância da Palavra revelada
quando o assunto é o espiritualismo. Quero ser sincero, e desejo expressar a
minha decepção com relação ao movimento carismático, pois que em mais de 20
anos conhecendo tantos movimentos
envolvidos nesse movimento,nunca vi alguém fazendo o teste dos espíritos de I
João 4:1 a 6 com Galatas 1: 6 a 8.
A ortodoxia cristã tem como base
fundamental a vinda de Cristo em carne, através do nascimento virginal, o Deus
que se fez homem e viveu entre nós, morreu pelos nossos pecados, (que foram pecados pessoais e reais) ressuscitou fisicamente ao terceiro dia, é o
único caminho para Deus, voltará
fisicamente e literalmente para julgar vivos e mortos, Ele tem toda a verdade, que se manifesta
perfeitamente através da sua obra redentora revelada no Novo Testamento que é
perfeitamente verdadeiro em toda a palavra e doutrina.
Clavio Juvenal Jacinto