sexta-feira, 10 de abril de 2015

EMOÇÕES E ESPIRITUALIDADE

Espiritualidade e emoções


 Todos conhecemos a passagem do evangelho de João, onde descreve que Jesus chorou (João 11:35). Chorar [e uma viagem da dor por nossas emoções. Existe algum paralelo entre uma espiritualidade verdadeira e emoções saudáveis? Há disputas por causa das polemicas que envolvem certos cultos pentecostais e neopentecostais, devido ao fato de existir tantas bizarrices e coisas estranhas, bem como comportamentos emotivos incoerentes dentro da cristandade, alguns conservadores cessacionistas acabaram por combater com tenacidade o papel emocional da verdadeira espiritualidade. Assim vimos como em ambos os lados: cessacionistas e não cessacionistas, desenvolveu-se ponto de vistas que não tem respaldo nas escrituras.

Em primeiro lugar, a emoção é uma característica que Deus criou no homem, quando ela está em equilíbrio, é boa e benéfica. Nada de errado com emoções saudáveis. Se alegrar, celebrar, adorar, nos leva para o mundo dos nossos sentimentos. Não somos robôs biológicos, por isso mesmo, lendo a bíblia com atenção vimos como as emoções estavam equilibradas com espiritualidade de muitos filhos de Deus. Um exemplo claro pode ser visto no ministério do profeta Jeremias , o profeta chorão ou Davi que dançou num momento de alegria, como vimos em II Samuel 6:14. Mas isso nuca deve servir de base, para abusos e êxtases descontrolados. Toda a emoção deve estar sob o controle da nossa prudência, da coerência e acima de tudo, controlada pelo Espírito Santo.
Em segundo lugar: Jesus mesmo ensinou que os que choram são bem aventurados, e promete que os tais serão consolados (Mateus 5:4) Chorar  só é possível, se nossas emoções estiverem ativas. Significa que existe sensibilidade, e as emoções estão vivas dentro de nosso coração. Jesus nunca nos chamou pra viver uma espiritualidade seca. Nos convoca ao choro, ao ministério das lágrimas, isso é vivenciar um mundo de  emoções profundas. Chorar por tantas pessoas  que ofendem a Deus, por tantas injustiças no mundo, por tantas desgraças, Paulo nos convida a chorar com os que choram. Quem expressa suas emoções mostra que tem equilíbrio espiritual. As emoções extrovertidas apenas revelam que a pessoa tem desequilíbrio, quando isso corrompe a vida devocional, então isso apenas revela, que as emoções dessa pessoa está em desequilíbrio, é uma espiritualidade doentia. Ai é outra questão. Mas a bíblia nunca ensina, que não devemos usar nossas emoções, na adoração, no culto ou no louvor. Elas devem ser usadas de modo coerente, com equilíbrio e sabedoria.


Em terceiro lugar, Em Samuel 1 temos o exemplo e Ana, que chorou amarguradamente diante do Senhor. Aqui vimos como as emoções sadias contribuem para uma oração eficaz. O choro amargurado de Ana por ser estéril, foi um eco do seu coração ferido, e ela não escondeu isso do Senhor. Nem mesmo Eli aprovou, ou pelo menos desconfiou daquela atitude de emoções profundas de dores latentes no coração de Ana, pensou que ela estava embriagada. A emoção de Ana estava ali naquele clamor, uma emoção acesa, visível e verdadeira.

Em terceiro lugar, Jesus descreve em João 16;20 que a vida, o mundo e os salvos estão inserido em um mundo de emoções. O mundo se alegra, os cristãos se entristecem, e enfim, todos estamos dentro do universo das emoções, e parece que essas emoções não se findam com o fim da vida terrena. Uma vez que podemos perceber nas expressões do rico que estava no hades, na parábola do rico e do Lazaro (Lucas 16). Mais uma vez insisto, que nossas emoções não devem ser ficar fora de controle, e em hipotese alguma podem ficar fora do controle do Espirito Santo.

Em quarto lugar, as emoções devem estar condicionadas a nossa fé (Hebreus 11:1 e 2) assim como toda experiência espiritual deve estar completamente condicionada as escrituras. E é aqui que entra o equilíbrio e o bom senso. A emoção não é a base que sustenta a fé, é a fé que sustenta os alicerces de nossas emoções. Quando a ordem é essa. Não há pecado ou erro algum em manifestar as emoções nas reuniões ou nos cultos.


Em quinto lugar. Pode um cristão perder seu controle emocional em uma experiência cristã? Talvez, se ele perde o foco, também pode perder o equilíbrio. Pedro em Lucas 9:33 acabou saindo fora de si, no momento em que ocorria a transfiguração de Cristo. Ele simplesmente perdeu o sentido das coisas e falou coisas sem sentidos. Esse é um exemplo clássico, emoções fora de controle, nos levam para condutas incoerentes

Em sexto lugar A bíblia admoesta claramente a sermos alegres. O regozijo faz parte da verdadeira espiritualidade, lemos isso em passagens como Filipenses 4:4, I Tessalonicenses 5:16 e Romanos 12;12. A alegria é o fruto de uma vida de gratidão. Então, se alegrar em um culto de forma coerente, não é errado. Na verdade, o cristão tem motivos suficientes para viver transbordando de alegria, mesmo em momentos difíceis, somos aconselhados pelas escrituras, a dar graças a Deus.

Em sétimo lugar, a bíblia também nos admoesta que nosso culto seja racional (Romanos 12:1 e 2) o problema é que muitos erram, pensando que o racional é o oposto ao emocional. Que o culto seja racional, ou seja coerente, equilibrado e espiritual, não há duvida! Porém, isso não significa que devemos deixar a emoção e usar só a razão. Porque o texto de Romanos não ensina isso: que as nossas emoções devam ser banidas do culto. Ora, a emoção deve ocupar seu lugar, sem ferir o culto racional. Assim ao invés de ser uma interferência, a emoção será uma benção.
Oitavo lugar. E os chamados cultos eufóricos, tipo cai cai, ou de êxtases e arrebatamentos e os chamados cultos “re te té”?  Essas descargas emocionais desequilibradas nada tem a ver com o culto racional, ou o adorar em espírito e verdade. Essas manifestações muitas vezes é a soma de êxtase, misticismo, transe e emoção. Uma salada de misticismo doentio, e está distante do culto espiritual.  Creio que o Espírito Santo por ser Santo no sentido mais literal da palavra, não nos conduz para atitudes e incoerentes ou nos induz a comportamentos bizarros.  Ele, o Espírito Santo é o consolador, isso significa que sua missão é consolar, e não confundir. Tudo o que trás confusão e desordem, não procede do Espírito Santo. Sua missão é colocar em ordem as coisas, e não para promover desordem e confusão. No principio, no livro de Genesis, o Espírito Santo está pairando sobre uma terra caótica, e a ordem vem através de sua ação. Por isso mesmo, entendo que a missão do Consolador na igreja é trazer edificação, consolação e unidade.


Emoções saudáveis, contribuem para um culto espiritual, e por ser parte integral do homem, as emoções foram criadas por Deus, e quando elas estão em equilíbrio, resplandece a luz do verdadeiro homem espiritual.

Clavio Juvenal Jacinto
Igreja Evangelica Caminho da Paz

Paulo Lopes SC

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