Entendo o proposito da dor e do sofrimento na vida cristã
Quem não enfrenta problemas? Qual cristão que não passa por
situações difíceis? Paulo, o apostolo,
em II Corintios 12, depois de receber uma revelação espiritual muito profundo,
passou por um momento cruciante, digamos, difícil. Um “mensageiro de Satanás” afrontava
o apostolo, um espinho na carne, assolava ele, Paulo orou, pelo menos três vezes
pedindo,a cura ou o livramento (não sabemos ao certo, do que se tratava, mas
com certeza causava um terrível sofrimento). “Tres vezes orei...” a resposta: “A
minha graça te basta...”(II Corintios 12:8 e 9).
Existem situações na nossa vida que as coisas tornam-se difíceis,
enfrentamos muitos momentos enigmáticos, em que as coisas não podem ser
compreendidas de forma clara e contundente, é algo simplesmente difícil, porque
envolve a nossa fé em um DEUS bom e santo. Ainda a pouco tempo, uma irmã em
Cristo, expressou sua dor, por causa de sua mão, também cristã, que embora
tenha passado toda uma vida com um nível de piedade bem elevado, onde serviu a
Cristo com zelo, e agora sofre com diversas enfermidades que produzem dores e
situações incomodas. Como isso pode acontecer? Eis um grande enigma, um
mistério, que tenta testar a nossa fé, até as raízes mais intimas de nossas emoções,
nossa razão e a nossa confiança. Quem passa por esse tipo de experiência, faz
as perguntas, e quem as ouve, não tem uma resposta, que leve por palavras, um
alivio imediato aos que sofrem, e enfrentam situações, cuja adversidade é
intensa.
O que parece, é que nossa fé está errada, nossa esperança,
nossa confiança, tudo parece desmoronar, quando as coisas estão difíceis. É o
que sentimos isso ocorre tanto com quem sofre, como com quem participa do
sofrimento alheio, principalmente quando se trata de um ente querido.
O sofrimento é um elemento disciplinar, mas nem sempre,
podemos entender por essa ótica. Na
perspectiva humana, nem sempre alguém que sofre, merece estar sofrendo. Esse princípio
também se aplica a conseqüência do pecado. Pessoas remidas, que vivem uma vida
de piedade, as vezes sofrem mais que pecadores impenitentes. Como podemos
entender o sofrimento, em situações que parecem tão contraditórias? É difícil
de responder!
“No mundo tereis aflições” essa é a resposta de Cristo, ela
não é minha resposta, mas é a resposta do Salvador (João 16:33). Apesar do
sofrimento, nossa esperança não morre jamais. A presente condição da nossa existência,
nos remete para situações difíceis, porém isso jamais deve ser motivo de
desanimo, muito pelo contrario, pelo fato de Cristo e as escrituras falarem
muito sobre a dor e o sofrimento nesse estagio de nossa existência, devemos nos
apegar a DEUS, mesmo que o sofrimento seja intenso. O que acontece é que na
economia de Deus as coisas são progressivas, e sabemos que, a igreja cristã,
vem percorrendo a vereda dos séculos em intenso sofrimento, como que trazendo
as marcas de Cristo. A transformação completa do cristão, se dará por ocasião
de sua vinda. Paulo fala sobre a questão do corpo corruptível em I Corintios
15. Nesse texto ele fala muito sobre o assunto. No estagio em que vivemos,
nosso corpo é mortal, corruptível, envelhece, adoece e morre. Todo o universo
criado está em processo de desgaste, a entropia é uma realidade. Todo o universo se desgasta, o tempo faz com
que o novo fique velho, a vela que se acende, se desgasta, se apaga. O carro
novo, a maquina nova, tudo se desgasta e envelhece, quebra-se em muitos casos
torna-se inútil. É o estado das coisas presentes, esse é o estagio do desgaste.
Para o cristão, não existe um sofrimento pessoal. Todo o sofrimento precisa ser
coletivo, porque somos um corpo, e cada cristão um membro desse corpo.
Entendendo isso, é fácil concluir que não existe na igreja, a minha dor ou a
sua dor. Existe A NOSSA DOR, seja ela minha ou sua. Nesse caso, o sofrimento
nos remete para a experiência do cuidado mutuo da assistência mutua, da
cooperação mutua. É verdade que não vivemos na pratica isso, não estamos
aprendendo a lição, a escola do sofrimento, precisa unir os cristãos, eu
repito, na comunidade dos redimidos, não existe uma dor pessoal, não existe um
sofrimento pessoal, nossa dor é coletiva, somos membros de um só corpo, então a
dor de cada membro também é a nossa dor, e a nossa dor é a dor de cada membro.
Dentro dessa visão espiritual, a dor é um chamado a comunhão, a chorar com os
que choram, a levar as cargas uns dos outros. Nesse espaço de compartilhar a
dor alheia, está o testemunho triunfante de que o amor supera a dor, de que a
piedade supera o sofrimento, e de que o evangelho é verdadeiro. Não há espaço
para o egoísmo na vida cristã, nem para a insensibilidade. Talvez aqui esteja
uma resposta de DEUS permitir que uns sofram mais, pois assim outros podem amar
mais, podem servir mais, podem ter uma comunhão mais intima, mergulhar no
sofrimento de um irmão é mergulhar o nosso coração no coração de Cristo. “Estive
enfermo, e fosse me ver...” eis a alma do evangelho. Creio que o alivio do sofrimento está no amor
que cresce na verdadeira piedade. Não estamos aprendendo a lição, a escola do
sofrimento é a escola da unidade, da participação coletiva de cada cristão
inserido no corpo pelo novo nascimento. Quando começarmos a entender o que
estou tentando transmitir, talvez a vida de cada crente que sofre, seja mais
amenizada, a experiência espiritual seja mais profunda, o corpo de Cristo seja
mais unido, e o testemunho será poderoso. O que você está fazendo? Está visitando
os enfermos, conhece os sofredores inseridos em sua comunidade cristã? Tem sido
um assíduo assistente aos desesperados, ou a sua vida está sendo gasta em
coisas triviais e sem valor, enquanto seu irmão sofre o desespero de uma doença
terminal ou coisa parecida? Nossa geração é uma geração egoísta, e o egoísmo gera
a insensibilidade, a insensibilidade nos afasta dos princípios evangélicos. A
dor e o sofrimento, nesse atual estagio da nossa vida não é para ser
compreendido, sem antes não ser um vinculo de aperfeiçoamento do nosso caráter e
da nossa espiritualidade, pois quando isso acontece, a dor não torna-se uma água
que apaga a fé, mas um combustível que aumenta a nossa esperança
Pr Clavio J. Jacinto
Igreja Evangelica Caminho Da Paz
claviojj@gmail.com
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