BEM-AVENTURADOS OS QUE SOFREM DANO
Charles L Childers
Em I Coríntios 6:6-7, Paulo refere-se a um problema da igreja local que o preocupava. Fora informado que os membros da igreja apresentavam questões em tribunais uns contra os outros. No verso 6 recorda que os tribunais eram administrados por "infiéis", isto é, pagãos.
Alguém pode pensar que por os tribunais serem pagãos, Paulo receava que os membros da igreja não fossem tratados com justiça. No entanto, não era a justiça dos tribunais que preocupava o Apóstolo, mas a qualidade de vida e espírito dos cristãos que apresentavam acções judiciais.
A solução proposta por Paulo talvez parecesse revolucionária aos membros culpados da igreja de Corinto. Também à maioria dos nossos crentes pareceria da mesma forma, se não estivessem ao par do que ele disse. A explicação encontra-se no verso 7: "Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes o dano?"
Por que não deixa você que o maltratem? "Que absurdo!", dirá alguém. No entanto, por que sugere Paulo que seria melhor para essas pessoas sofrerem o dano? Existem quatro razões para tal sugestão.
1. O amor cristão prefere perder a ferir quemquer que seja, mesma a inimigos. Caminhará a segunda milha e apresentará a outra face em vez de prejudicar, ainda que a pessoa o mereça. Em I Coríntios 13:4, Paulo declara: "O amor é paciente, é benigno". Muitas pessoas só são amáveis quando não sofrem. A qualidade do amor cristão vem à tona quando ele é vítima inocente de dano. O cristão genuíno procura o bem até de seu inimigo. A pessoa de cujo coração flui o amor santificado considerará a perda material como algo que vale a pena, desde que ajude a salvar alguma alma.
2. A exigência de nossos próprios direitos prejudica, muitas vezes, o nosso espírito. Quase todos nós podemos lembrar ocasiões em que determinados assuntos pessoais nos pareceram tão importantes que justificavam conflitos. E estes deixaram cicatrizes difíceis de curar. Não tive intenção de ofender meus irmãos, mas com os que contendi, causei-lhes tamanha dor que permanece mesmo depois de ter sido perdoado. Em alguns casos creio que a minha pretensão era justa, mas realmente não valia a pena.
3. Nem todas as coisas materiais têm importância. Com o passar dos anos, reconheço melhor que as coisas temporais—dinheiro, bens, posição, fama—não são as mais importantes. Quando enfrentamos situações em que temos de escolher entre essas coisas e a tranquilidade, a influência cristã e o bem-estar espiritual, a nossa escolha não deve ter um momento de hesitação.
4. Exigir direitos próprios pode prejudicar a nossa influência e testemunho. Se existe no mundo alguma alma fora do meu alcance por causa duma acção ou demanda egoísta, isso representará para mim uma perda infinita. É evidente que não posso alcançar todas as almas necessitadas. Entretanto, qualquer que seja o preço a pagar, não devo negar a minha ajuda aos necessitados.
Os ministros devem estar dispostos a fazer certos ajustamentos ou sacrifícios para não prejudicarem o seu ministério. Mas também os leigos devem reconhecer que têm uma tarefa a cumprir, sem olhar ao preço.
Publicado originalmente no ARAUTO DE SANTIDADE (1 DE MARCO DE 1982)
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