Os humanos sofrem imenso. Muito, para não dizer a maior parte, do nosso sofrimento tem origem na relação com aqueles que nos amam. Estou constantemente ciente de que a minha agonia profunda provém, não dos terríveis eventos que leio nos jornais ou vejo na televisão, mas da relação com as pessoas com quem partilho a minha vida diária. São precisamente os homens e mulheres, que me amam e que estão muito perto de mim, os que me ferem. À medida que ficamos mais velhos, geralmente vamos descobrindo que nem sempre fomos bem amados. Com frequência, os que nos amaram também nos usaram. Os que se interessaram por nós foram, por vezes, também invejosos. Os que nos deram muito, por vezes, exigiram também muito em troca. Os que nos protegeram quiseram também possuir-nos nos momentos críticos. Habitualmente, sentimos a necessidade de esclarecer como e porque é que estamos feridos; e, com frequência, chegamos à alarmante descoberta de que o amor que recebemos não foi tão puro e simples como tínhamos julgado. É importante esclarecer estas coisas, especialmente quando nos sentimos paralisados por medos, preocupações e anseios obscuros que não compreendemos. Mas compreender as nossas feridas não basta. Ao fim e ao cabo, temos que encontrar a liberdade para passar por cima das nossas feridas e a coragem para perdoar aos que nos feriram. O verdadeiro perigo está em ficarmos paralisados pela raiva e pelo ressentimento. Então começaremos a viver com o complexo do “ferido”, queixando-nos sempre de que a vida não é “justa”. Jesus veio livrar-nos destas queixas auto-destrutivas. Diz Ele. “Põe de lado as tuas queixas, perdoa aos que te amaram mal, passa por cima da sensação que tens de seres rejeitado e ganha coragem para acreditar que não cairás no abismo do nada mas no abraço seguro de Deus cujo amor curará todas as tuas feridas.” – Henri Nouwen, em “Aqui e Agora”
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