segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Uma Vida Agradecida



Como poderemos viver realmente uma vida em ação de graças? Quando olhamos para trás e vemos tudo o que nos aconteceu, facilmente dividimos a nossa vida em várias fases, com coisas boas a agradecer e coisas más para esquecer. Mas, como um passado assim dividido, não podemos caminhar livremente em direção ao futuro. Com tantas coisas para esquecer, o máximo que podemos fazer é coxear rumo ao futuro. A gratidão espiritual abarca todo o nosso passado, tanto os bons como os maus eventos, tanto os momentos alegres como os tristes. Do lugar em que nos encontramos, podemos concluir que tudo o que nos aconteceu nos trouxe a este lugar. Recordemos tudo isso como parte do plano de Deus que nos conduz. Isso não quer dizer que tudo o que nos aconteceu no passado seja bom, mas quer dizer que mesmo o mal não aconteceu fora da presença amorosa de Deus. Os sofrimentos do próprio Jesus foram-lhe causados pelas forças das trevas. Mesmo assim, Ele fala dos seus sofrimentos e morte como o caminho da glória. É muito difícil colocar todo o nosso passado sob a luz da gratidão. Há muitas coisas de que nos sentimos culpados e envergonhados, muitas coisas que desejaríamos que pura e simplesmente não tivessem acontecido. Mas, cada vez que temos a coragem de olhar para elas «na sua totalidade» e de as ver como Deus as vê, então a nossa culpa torna-se uma culpa feliz e a nossa vergonha uma vergonha feliz, porque provocam em nós um reconhecimento mais profundo da misericórdia de Deus, uma convicção mais forte de que é Deus quem nos conduz e um empenho mais radical na aceitação da vida ao serviço de Deus. Desde que todo o nosso passado seja recordado com gratidão, adquirimos a liberdade para ser enviados para o mundo a proclamar a Boa Nova aos outros. Assim como as negações de Pedro não o paralisaram, mas, uma vez perdoado, se tornaram uma nova fonte de fidelidade, assim também as nossas falhas e traições podem transformar-se em gratidão e capacitar-nos a ser mensageiros de esperança. –
 Henri Nouwen, em: Aqui e Agora

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