Sempre fui preocupado com certas coisas erradas
dentro da igreja cristã moderna. A minha convivência em muitos anos, me fez
refletir sobre a caminhada da fé e a observar a quantidade enorme de pessoas que professam uma fé um
tanto superficial, se é que posso chamar isso de fé. Sim! A fé nos leva as
coisas maravilhosas “Para que todo aquele que nele crê, tenha vida eterna”(João 3:15) Mas a fé não é uma
força funcional que pode ser usada para manipular o poder de um Deus
utilitarista,(A visão predominante entre os carismático não um Deus Soberano
mas um deus utilitarista)a fé nem mesmo pode ser sustentada por coisas que
sentimos ou vimos “Bem aventurado os que não viram e creram”(João 20:29)
abordando temas ligados a experiências espirituais, o Dr David Boyd Long
escreveu “Tudo isso dá mais ênfase ao principio básico de que tudo na vida
cristã, experiência ou outra coisa qualquer deve ser examinada pela palavra de
Deus e deve ser aceita ou rejeitada de acordo com este exame”
O pragmatismo é muito comum hoje,
tendo em vista que o pentecostalismo promoveu muito a ênfase em experiências,
muitos acabaram sucumbindo e criando normas para “autenticar” a validade do
cristianismo e da própria fé. Para muitos cristãos, Sem experiências e
sentimentos, não pode existir verdades. Por causa dessa cosmovisão,
sorrateiramente e de forma perigosa, veio a ênfase sobre as experiências
passaram a ser o prumo que define se algo é verdadeiro ou não, e dessa forma, a
fé genuína, como confiança incondicional a Deus foi solapada, porque no
pragmatismo o que vale é o que funciona. Outro dia conversei com um amigo e
irmão em Cristo. Discutíamos sobre certo assunto, e eu disse que reprovava e
rejeitava completamente certos tipos de manifestações carismáticas que
estávamos discutindo, ele retrucou e disse essas manifestações funcionavam e davam resultados, por isso não
poderia ser falso. As pessoas foram atraídas para a igreja (por curiosidade,
não para ouvir o evangelho) e parece que houve curas (nunca foi provado serem
verdadeiras ) “se funciona, então não pode ser algo errado ou ruim”. Essa é a
porta para o engano que o diabo pode encontrar em qualquer lugar e no coração de qualquer cristão. Nunca
podemos olhar para algo e concluir: “Isso funciona, portanto isso é verdadeiro.”
Ao agirmos assim, estamos solapando a fé nas Escrituras e sua autoridade
suprema, transferindo essa autoridade para nossas opiniões, sentimentos e
experiências. Esse é um erro fatal! A
regra fundamental deve ser sempre: Isso é bíblico, portanto é verdadeiro. Onde
a bíblia não é a regra, a decisão será um passo no escuro, e é essa exatamente
a condição necessária para que o diabo lance suas armadilhas, artimanhas,
estratégias e engane com eficácia Há muita gente desviada da verdadeira fé,
porque toda a crença está sendo sustentada pelas experiências e por sentimentos.
Geralmente experiências místicas, que ocorrem por meio de sentimentos, êxtases,
locuções interiores, visões, sentimentos agradáveis ou por manifestações
sobrenaturais como visitas de anjos, novas revelações, curas, milagres etc .
Esse é um terreno perigoso. Os que caem nessa armadilha, se esquecem de uma
advertência clássica do profeta Jeremias : Enganoso é o coração (Jeremias 17:9)
e também de um principio fundamental e regular do Novo Testamento: O justo
viverá por fé e não por vista (II Coríntios 5:7) não vivemos por experiências
ou sentimentos ou ainda emoções.
Concordo com o conselho de Charles Spurgeon: “preocupa-te mais com um grão de
fé do que com uma tonelada de emoções” Nossa vida espiritual não pode ser
regulada por essas coisas. A fé bíblica é uma confiança incondicional na
sabedoria, soberania e bondade de Deus. Experiências extáticas e prazerosas,
você encontra entre o místicos da nova era, os gurus espiritualistas ensinam
muito sobre isso. Em qualquer lugar e em praticamente todas religiões são
promovidos bons sentimentos, milagres, êxtases, alegrias, iluminação
espiritual, curas, encontros angelicais, fenômenos psíquicos, deleites
emocionais etc. Os místicos católicos como Teresa DÁvila, Juliana de Norwich, Catarina
de Sena, João da Cruz, etc. tiveram prazerosas experiências místicas. Adeptos
de seitas espiritualistas declaram vivenciar agradáveis estados alterados de
consciência, visões de anjos, contatos com seres de luz, projeção astral,
sentimentos de profunda felicidade contato com mestres ascencionados , experimentam
curas e alívios emocionais. Isso é comum entre os espiritualistas, esotéricos,
místicos orientais Etc. Fala-se muito
sobre o êxtase místico hoje, promovido em ampla escala por carismáticos e
adeptos da nova reforma apostólica, seguidores do movimento nova era e por seitas cujas raízes é o
misticismo oriental ou as religiões pagãs. A fé cristã segue outro rumo, até
caminhos opostos. É exatamente isso que faz com que a religião cristã seja
diferente: temos a fé em um Deus que não vemos, e confiamos nas promessas
contidas em sua santa Palavra. Olhamos para a obra da Cruz, e confiamos na obra
perfeita que Cristo realizou lá. E isso nem sequer possui uma só fração de
nossa contribuição, pois o sangue puro do redentor não pode ser tocado por
nossos trapos de imundícia. O oposto do misticismo do êxtase e dos bons
sentimentos pode ser visto em palavras como de Tiago “meus amados, tende grande
gozo quando cairdes em varias tentações”(Tiago 1:2) e então conclui que a prova
da nossa fé opera a paciência. Isso não significa que a vida cristã não produza
alegria, o que eu quero dizer é que não
é um sentimento que ilumina a nossa fé, mas que a fé verdadeira nunca pode ser
sustentada por sentimentos. Fé é confiança, e o justo viverá por fé (Romanos
1:17) não por sentimentos. A fé verdadeira é incondicional, coloca a confiança
plena, o coração está descansando na vontade de Deus e continua viva diante das
provas, aflições e dificuldades permitidas por Deus. Quando nada acontece,
quando tudo parece árido e silencioso, a fé está lá, como a luz que mantém a
alma acesa em meios aos mais intensos conflitos exteriores. “Porque ainda que a
figueira não floresça, nem haja fruto na vide, ainda que decepcione o produto
da oliveira, e os campos não produzam mantimento, ainda as ovelhas da malhada
sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado, todavia eu me alegrarei no
Senhor, exultarei no Deus da minha
salvação”(Habacuque 3:17 e 18) Infelizmente, muitos aprenderam coisas erradas sobre a fé, e vivem uma fé
enferma, não bíblica, que precisa ser sustentada por coisas que precisamos ver
e sentir. Isso é completamente errado, não condiz com o tipo de fé que está nas
Escrituras. A fé pode nos levar para o algo maravilhoso, mas também pode nos
conduzir aos desafios mais duros. A fé
falsa é pragmática, ela precisa funcionar de acordo com a nossa vontade, e não
de acordo com a vontade de Deus. A fé pragmática precisa ser sustentada por
experiências e sentimentos, nunca por confiança. A fé verdadeira permanece inabalável quando
tudo parece ruir, porque a fé bíblica faz com que tenhamos um discernimento
sobre todas as circunstâncias. João Batista estava no cárcere, ele foi
decapitado, porém a fé o sustentou, Deus estava no controle da situação, era
mister que a vontade suprema do Senhor levasse o Batista até o martírio. Os
duros processos que passou José do Egito, ele em todo o tempo, andou por fé,
Abraão e sua peregrinação, “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para
um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia, pela
fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando com cabanas com
Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa, Porque esperava a cidade
que tem fundamentos da qual o artífice e construtor é Deus” (Hebreus 11:8 a 10)
homens e mulheres de Deus, descritos em
Hebreus 11. Todos andaram por fé, não a fé pragmática mas a confiança bendita
de que Deus está no controle de todas as coisas e que vai sempre fazer o melhor
para nós, sempre de uma perspectiva eterna e celestial, não de acordo com o ponto de vista humano e terrenal. Nesses
dia difíceis, devemos promover a
compreensão da verdadeira fé, a confiança na suficiência da Palavra de Deus, a
confiança plena na soberania de Deus. Uma fé movida por coisas, sentimentos e
experiências, não pode ser verdadeira fé, isso é apenas credulidade. Isso não
significa que devemos ter uma fé cega e Arida, em hipótese alguma, a fé genuína
não pode ser cega porque ela é iluminada pelas escrituras (Salmos 199:105) não
é Arida, porque no conduz a glória “Cristo em voz a esperança da
glória”(Colossenses 1:27) Porém a via da vida cristã é fé somente, não os sinais experiências, como sustentáculos
de uma religião empírica. Paulo já dizia “Porque os judeus pedem um sinal e os
gregos buscam sabedoria, mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo
para os judeus, e loucura para os gregos”(I Coríntios 21:22 e 23)
Palavra Final: Em Daniel 3:17 e
18, encontramos a fé na sua pureza nos três amigos do Profeta Daniel. Eles
foram ameaçados por Nabucodonosor a serem lançados dentro da fornalha de fogo
caso não se prostrassem diante da estatua erguida pelo monarca babilônico. Aqui
temos a fé incondicional. A reação dos três jovens piedosos era: “Eis que o
nosso Deus a quem servimos, é que nos pode livrar, Ele nos livrará da fornalha
de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não
serviremos a teus deuses, nem adoraremos a estatua de ouro que levantaste” a experiência
do milagre ocorreu, eles foram livrados, mas a experiência não sustentou a fé, foi a fé que sustentou
a possibilidade do milagre e da experiência. Se o Senhor na sua Soberania
resolvesse não intervir, os três jovens seriam mártires, e isso não afetaria a
fé de nenhum deles. Creio que com esse exemplo, entenderemos que a fé é a
confiança firme de que Deus pela soberana vontade fará sempre o melhor por nós,
e como no caso da experiência do espinho da carne de Paulo, nem sempre será uma
experiência agradável.
CLAVIO J. JACINTO
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