sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Batalha de Solferino

SOLFERINO


Gritos e gemidos no campo de estrondos
Entre dores e chagas que semeiam a morte
O choro das feridas as lagrimas de sangue
Um véu de fuligem e fumaça de canhões

As laminas despedaçam a alma da agonia
Um beijo na terra e uma lambida no pó
O desespero é o trapo da morte fria
Soldados recusam-se a serem vestidos por ela

Um coração olha pela janela do sofrimento
Vê entre os caídos, mãos que se levantam
Buscando entre os dedos uma consolação
Tentando agarrar no vento, uma outra vida

Corre a bendita alma, e presta assistencia
Entre as rebeldes balas que açoitam o medo
Unindo amor e misericórdia, enfrentando o perigo
Sem se deixar sufocar-se pelo horror da batalha

Um homem bom, faz a diferença em um mundo mal
Um ato de caridade, e assiste aos necessitados
Põe ataduras nas trincheiras da carne alheia
E as cicatrizes tornam-se alimento da compaixão

Assim entre soldados caídos, nasceu a bondade
Um homem de coração bondoso, semeia esperança
Com uma cruz de sangue, faz levantar os caidos
A maior guerra, se faz contra a indiferença

Perdido entre os escombros de um mundo frio
Sem os aplausos e sem os holofotes da fama
Na noite fria do esquecimento, o homem bom viveu
Até ser achado por alguém que tinha olhos no coração

Foi-se o homem bom, mas ficou sua bondade
Seus atos cresceram numa arvore frondosa de caridade
Cada ferido resgatado e cada chaga curada
É um eco do seu grande amor pelos feridos.


Poema em homenagem a Henry Durant (!828-1910) fundador da Cruz vermelha Internacional

Clavio J. Jacinto


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