sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O Fogo e a Espiritualidade

Apagaram a força do fogo (Hebreus 11:34

Você já deve ter ouvido falar sobre “hinos de fogo” ou “corinhos de fogo” ou que tal pregador é “canela de fogo”.     É interessante notar como o movimento carismático e pentecostal, dá ênfase às coisas envolvendo o “fogo”.   Durante anos venho ouvindo essas classificações sobre certos hinos e “Corinhos”. Os denominados “corinhos de fogo” e “hinos de fogo”.  Essas são classificações dadas a certos tipos de musicas que convidam os ouvintes a certos comportamentos extrovertidos.  Ouvi muito sobre coisas um tanto estranha quando era novo convertido. Quando um culto era muito barulhento e desordenado, diziam os mais “espirituais” que “o fogo caiu” ou  “o fogo desceu”. Mais tarde descobri assustado que o Novo Testamento, descreve o “cair do fogo” como sinal de juízo divino (Marcos 9:49, Lucas 9:54 e 17:9 II Tessalonicenes 1:8, II Pedro 3:7 e 12, Judas 1:7, Apocalipse 8:5, 13:13, 16:8, 20:9)  Na perspectiva carismática, um culto avivado é um culto que tem “fogo”. Quando há barulho e certos comportamentos excêntricos, isso é entendido como o “fogo que caiu”. Quando alguém sente um calor ou uma forte emoção, a manifestação de comportamentos descontrolados, isso é o “fogo”. De certa forma, até mesmo na batalha espiritual de cunho carismático, foi desenvolvido o jargão “queima ele” uma formula, para “repreender o inimigo” com o “fogo santo” de um cristão inflamado pelo “fogo” espiritual. A igreja do Novo Testamento não usava essa terminologia: Culto de fogo, corinhos de fogo, hinos de fogo, e o Novo Testamento não dá essa ênfase ao fogo e sentimentos ligados a ele. Praticamente tudo o que encontramos nos ensinos de Cristo com respeito ao fogo, está associado ao juízo.  Esse é o testemunho das paginas do Novo Testamento como podemos ver.  Em Mateus 3:10 nos temos a passagem do batismo com o Espírito Santo e com fogo. Todo o contexto revela que a arvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo, e que o batismo com fogo, na passagem de Mateus 3:9 a 12 é um batismo de juízo. Isso concorda com outros textos que falam sobre uma espécie de batismo de fogo que causa dano e destruição (Veja I Pedro 1:7 e I Coríntios 3;13 e 15)  Nas palavras de Jesus o fogo está sempre associado com o juízo. “Toda a vara que não da fruto é cortada e lançada no fogo”(I João 15:9). Em Lucas 9:54 e 17:29, o termo “descer fogo” está associada ao juízo e em Apocalipse 13:13 ao engano espiritual. Embora em Atos 2:3 a vinda do Espírito Santo seja sinalizada por um vento impetuoso e línguas repartidas como de fogo, ali a descrição não era de uma experiência mas de manifestação sinalizadora, como Estevão descreve na experiência de Moisés na sarça ardente (Atos 7:30) Vimos isso como na descrição das glorias celestes (Apocalipse 15:2). O que entendemos claramente em Atos 2 é que foram vistas línguas repartidas como de fogo e não sentidas.
Assim no percorrer de todo o Novo Testamento encontramos a associação de sentimento de fogo como um forte peso de consciência, no ímpio quando retribuímos o mal com o bem, ao darmos alimento e água quando nosso inimigo estiver com fome e com sede, amontoamos brasas vivas sobre a cabeça dele. (Romanos 12:20) Interessante que aqui nesse texto, um sentimento de brasas sobre a cabeça, é sentida por um inimigo do evangelho, os irmãos do cenáculo de Atos 2 viram o fenômeno das línguas repartidas, mas não há informação de que eles sentiram as línguas como de fogo,  queimando dentro deles. Dentro do contexto de Atos 2:3, é mencionado a profecia de Joel, mas a descrição do fogo é um sinal exterior e não sentimental (Atos 2:19) Há outras passagens como em Tiago 3:6 que fala que a língua é um fogo, inflama todo o curso da natureza e é inflamada pelo inferno. Nesse caso, mais uma vez há uma conotação experimental negativa. Voltamos para os ensinos de Cristo, pois ele adverte que quem chamar seu irmão de louco será réu do fogo do inferno (Mateus 5:22) Cristo compara a condenação eterna como um lugar que o bicho não morre e o fogo nunca se apaga (Marcos 9:44 e 48) e que o fogo eterno foi preparado para o diabo e seus anjos (Mateus 25:41) Cristo chama a condenação eterna de fornalha de fogo onde haverá pranto e ranger de dentes (Mateus 13:42 e 50) note que aqui ele dá uma ênfase ao sentimento de um condenado.  Ele e explica que o joio é colhido e lançado no fogo (Mateus 13:40 e Lucas 3:17) Cristo dá uma ênfase muito grande no seu ministério sobre o fogo ligado ao juízo (Veja Marcos 9:43 a 45 e Mateus 18:8) Assim o Novo Testamento testemunha quase sempre a associação do fogo com o juízo de Deus (II Tessalonicenses 1:8, Hebreus 10:27, Tiago 5:3 II Pedro 3:7 e 3:12, Judas 1:7, Apocalipse 14:10,16:8, 17:16 e 19:20, 20:9 e 10 etc.)Não encontramos na bíblia em nenhuma parte, algo como uma língua inflamada pelo Espírito Santo. Temos uma descrição em Hebreus 1:7 que cita o salmo 104:7, e aqui os ministros do Senhor são chamados “labaredas de fogo” é uma a descrição de um ministério aprovado por Deus e portando a sua glória. No poder do Espírito Santo, na autoridade concedida por Ele, não tem nada a ver com manifestações bizarras ou frenesis produzidos de forma descontrolada. Afinal de contas, o homem mais cheio do Espirito santo que existiu foi o próprio Cristo, e ao mesmo tempo era o homem mais santo, mais prudente, mais equilibrado e mais sóbrio que existiu sobre essa terra. Basta ler seus ensinos e ver o tipo de comportamento que tinha diante das mais adversas circunstâncias e você verá um modelo perfeito de um homem cheio do Espírito Santo.
O fogo no Antigo Testamento estava associado ao culto mas era o fogo literal como vimos em Levitico 1:7, 8, 12, 17, 2:4, 3:5, 4:12, 6:9 a 30, 7:12 a 19. 8:12 e 31, 9:11 e 24. 13:24, 52, 57, 16:12 3 13,27, 14:6 e 20:1. Mesmo assim, tudo era feita com a máxima prudência por causa do fogo estranho que causava profanação (Levitico 10:1 e 2, Numeros 3:4 e 26:61) O fogo porem nesse contexto representava ou a manifestação do poder e da gloria de Deus ou o juízo, e não tinha associação com sentimentos pessoais dos sacerdotes. Nnehum deles pulava e dançava dentro do templo, a máxima reverencia e suprema ordem dos cultos do antigo Testamento são exemplos de uma organização radical estabelecida pelo próprio Senhor. Ninguém brincava de cultuar a Deus e era mantida uma ordem rigorosa tanto na parte litúrgica quanto na parte comportamental dos oficiantes. A irreverência  no templo foi combatido por Cristo (Mateus 21:12 e João 2:15)
 O fogo no Novo  Testamento está também associado ao gloria e majestade e ao trono de Deus, o lugar mais elevado (Hebreus 12: 8 e 29) Em Apocalipse, João descreve Cristo como aquele que tem olhos de fogo (Apocalipse 1:14, 2:18 e 4:5) mas aqui é uma descrição da visão penetrante e poderosa de Cristo, assim como as lâmpadas de fogo revelam a glória perfeita do Senhor em Apocalipse 4:5 (Veja também, Apocalipse 11:5 e 19:2). Por fim a palavra “fogo” termina no Novo Testamento, assim como começou, simbolizando o juízo de Deus  (Apocalipse 21:8 e Mateus 3:10) O que entendemos dentro do contexto do Novo Testamento é que os cristãos, os santos apóstolos e o próprio Cristo não usavam com frequência, esse tipo de terminologia que ouvimos hoje na igreja moderna associada ao fogo. Não associavam o fogo com um culto de adoração e muito menos com experiências espirituais, eles não faziam essa associação com frequência.  Embora a admoestação bíblica é que sejamos fervorosos e cheios do Espírito Santo (Efésios 5:18 e Romanos 12:11) Os primeiros cristãos não tinham “corinhos de fogo” cantavam hinos espirituais e salmodiavam (Efesios 5:19) Paulo não era “canela de fogo” nem encontramos nas escrituras algo como “calçar sapatos de fogo” embora exista a ordem de “calçar os pés ma preparação do evangelho da paz”(Efésios 6:15). Essa super ênfase dada ao fogo, associadas a musica e cultos eufóricos, como uma manifestação espiritual conectada a sentimentos é completamente  estranha as escrituras. Encontramos essa ênfase ao fogo experiencial, com mais freqüência no esoterismo e no ocultismo do que na Igreja do Novo Testamento. E isso é amedrontador e preocupante.
Por causa disso, a muito tempo abandonei essa cosmo visão estranha e permaneci feil aos conceitos bíblicos associados ao culto e poder do Espírito Santo seguindo o modelo da são doutrina revelada no Novo Testamento. “Mas se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus (I coríntios 11:16)


Autor: Clavio J. Jacinto

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