No Livro de Dotoyevski, “Os Irmãos KaramazovI há uma “disputa
de crenças”, em que os KaramazovI, citam Mateus 17:20 e argumentam uma suposta contradição entre a realidade da
fé e a realidade dos fatos a disputa segue uma linha de argumento entre a
lógica e a incredulidade. Afinal de
contas, as montanhas podem ser removidas com o poder da nossa fé? O que Jesus
queria ensinar com isso? Já ouvi muitas explicações, entre as quais Jesus falou
sobre “montanhas de problemas” e não montanhas literais. É lógico que Cristo
estava apontando para uma montanha literal, porém ele estava usando uma figura
de linguagem, e isso é muito fácil de entender prestando atenção ao contexto
imediato. Jesus fala sobre a fé do tamanho de um grão de mostarda. Ora, isso é
uma linguagem claramente figurada. A fé não pode ser medida de forma literal.
Não existe um aferidor físico para demonstrar um tamanho da fé. Por isso, ao
fazer tal comparação, Jesus está usando uma linguagem técnica para ensinar princípios
espirituais. Se a comparação é figurada então a interpretação também é
figurada. Ao falar sobre as possibilidades da fé, Cristo não está ensinando que
os cristãos têm o poder de causar destruição ou fazer coisas absurdas e
irracionais. Aliás, uma montanha sendo lançada no mar, causa desordem sem propósito
definido.
Não! Jesus não estava ensinando que a fé pode mover uma
montanha literal e jogá-la no mar. Essa é uma linguagem simbólica que revela de
forma simples, que a nossa fé nos conduz a experiência de realizar coisas extraordinárias
e impossíveis dentro dos propósitos de Deus. Fala da singularidade da
providencia divina dentro da esfera da fé dos homens devotos. Vejamos por
exemplo: O mar vermelho se abriu uma vez só. Cristo não quis ensinar que todos
os seguidores poderiam remover montanhas
todos os dias. Isso seria um absurdo. Por isso o texto deve ser tomado
como uma figura do poder da fé dentro dos propósitos da vontade e do plano de
Deus. Além disso, devemos entender a passagem dentro do contexto cultural em
que foi escrito o Novo Testamento. Uma montanha que é lançada no mar, pode ser entendida como os
escombros de uma cidade sendo lançada no mar, depois de uma guerra, tendo em
vista que as cidades geralmente ficavam em lugares elevados como o cume de uma
montanha, isso ocorreu durante as guerras daquela época, e dessa forma, os discípulos
entendiam que Jesus não estava ensinando um absurdo, mas algo que de alguma
forma, acontecia simbolicamente, porque as ruínas de uma cidade poderiam representava
a montanha onde ela estava assentada. (1)
Clavio J. Jacinto
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