A Babilônia teve um monarca extremamente egocêntrico,
seu nome era Nabucodonosor, no auge do seu egoísmo infectado pelo orgulho, ele
declara ser possuidor de atributos divinos e exalta-se a si mesmo dentro do próprio
coração. Os degraus do seu ego, o levou a auto-idolatria, e como esse pecado é extremamente
vil, impossível será encontrarmos alguém que sendo afetado pela idolatria do
seu próprio ego, não deseje que os outros se prostrem ou aplaudam a ele como o
centro da criação. O caso de
Nabucodonosor é narrado precisamente em Daniel 4:37 a 39. Ele está no auge da
sua visão de seu próprio mundo, a Babilônia. Seus palácios, suas ruas, os
templos, o muro, as pessoas e seu coração se exaltou sobremodo que ele se via
como o sol em que toda a poeira cósmica, os homens, deveriam girar e gravitar.
Essa era a visão o monarca tinha de si mesmo. Seu orgulho era um monstro cego
que clamava por adoração dentro de si.
Em Atos 12 Herodes Agripa parece
que sofreu da mesma síndrome, alvo de
idolatria, aplausos e fama, ao lado de gente disposta a adorá-lo como uma
divindade, por não ter dado glória a Deus, mas por ter roubado a glória que
pertence ao Senhor, sofreu as duras penalidades. Como em uma frase de
George Eliot, que dizia que o galo pensava que o sol se levantou para ouvi-lo
cantar, há em nosso mundo pessoas que acham que o sol os planetas e todas as
pessoas giram em torno dele mesmo. Ainda
que parecia ter um exercito invencível, Senaqueribe acabou perdendo seu
exercito e do poder temporal caiu para a desgraça da morte prematura, abatido
pelos próprios filhos. (Isaias 37;36 a 38) Não há como não fazer coro com
Salomão em Eclesiastes: vaidade das vaidades, tudo é vaidade.
É certo que Deus abate os
orgulhosos e exalta aos humildes. Cristo demonstrou sua humildade lavando os
pés dos discípulos, ato considerado como ofício de escravos, porém as
escrituras afirmam ser ele a imagem do
Deus invisível (Hebreus 1;3) e que tudo foi feito por Ele e sem ele nada do que
foi feito se fez. (Leia João 1:1 a 3)
O egoísmo e o orgulho são doenças
próprias do humanismo, preocupa-me como o
evangelho moderno tende a fabricar seus ídolos, como tanta gente se
inclina a vaidade de desejar ser o
centro onde as coisas religiosas e os religiosos devem gravitar. Da religiosidade cristã moderna, nasceu os
palcos, os picadeiros onde pessoas começam a se projetar, cantando ou pregando,
fazendo fortunas e ganhando espaço para agigantar seu ego. A fome pelos
aplausos, a fama, o êxito, a glória dos homens infecta grande parte dos
artistas e pregadores, pastores e pessoas que a cargo de títulos eclesiásticos,
se auto-definem como se fossem divindades ou seres superiores cujo universo
deve girar em torno deles. Essa é a marca distinta dessa geração de religiosos
distantes do evangelho. O mundo trai a
confiança e os mundanos seguem essa regra de que os que aplaudem pregadores e
cantores que usam de técnicas para receber fama precisam reajustar toda a
cosmovisão espiritual de acordo com os valores do mundo, de outra forma, o que
virá é perseguição, ódio e desprezo. Num mundo relativista que dá espaço para
uma religião evangélica apostata, não há espaço para pregadores sérios, que
ainda preguem a mensagem da cruz, e nem há espaço para quem deseje cantar para
glorificara DEUS. O mundo dita seus valores e suas regras, e quem não amolda-se
a esses valores será descartado, rejeitado, criticado e perseguido. Adverte
Paulo que aquele que deseja seguir o caminho da santidade, será perseguido por
esse mundo ( II Timoteo 3;12)
A síndrome de Nabucodonosor é um
grande problema no sistema evangélico atual. A moda é ser artista, copiar
artistas, é projetar-se e construir um império encima de uma função. Para que
isso de certo, a natureza de uma mensagem ou de um cântico deve corresponder ao
sistema; deve ser comercial, não beligerante, não confrontadora, então precisa
adaptar-se aos princípios de marketing.
Mensagens de auto-estima, uso de técnicas psicológicas, estratégias diversas, como meio de arrancar
fortes emoções de ouvintes, o homem é o centro sempre, como diz as escrituras,
que um abismo chama outro abismo. Para receber aplausos dos ouvintes, o artista
religioso precisa cantar ou falar aquilo que o ego humano deseja ouvir. Daí os
chavões usados, as gírias espirituosas que tanto ouvimos hoje, são esses os
mecanismos psicológicos que ajudam na elaboração do show. Não é de admirar que
pregadores que evitam a mensagem da cruz, chame pessoas ao arrependimento,
proclame os juízos divinos, denuncie os pecados mais aberrantes de nossa época,
denuncie as falácias religiosas do deus desse século, pregue sobre a humildade
e a obediência ao evangelho, são os mais proeminentes da nossa época, do
contrario não irá se projetar no sistema, ele pode conseguir espaço por causa
do seu zelo e insistência em prol da verdade, mas não terá o apoio de uma
cristandade apostata.
É por isso que vimos a religião
moderna como uma enorme indústria de entretenimento, a igreja deixou de ser uma
agencia que proclama a cruz de Cristo e as verdades fundamentais do evangelho,
deixou de proclamar a verdade que envolve a morte de Cristo e a sua
ressurreição, para promover a diversão, e transformar as reuniões em imensos
ambientes de controle emocional. Usam-se os chavões como meios, para que se
torne uma válvula de escape para aliviar o peso do sofrimento humano, mesmo que
o efeito seja apenas temporariamente anestésico, torna-se uma válvula de escape
para dar alivio a todo tipo de tensões e problemas que se alojam na alma
humana.
A promoção da fé mágica, que dá
alivio imediato e resolve os problemas materiais e sentimentais do homem ocupa
a agenda dos mensageiros do engano. É lógico que tal assunto está em voga na
maior parte dos púlpitos modernos.
Primeiramente foi os adeptos da Nova era e do movimento espiritualista
que proclamaram isso. a auto-estima, o pensamento positivo, a religião mágica
que dá ênfase ao poder da mente, o mito
de determinar que um fato aconteça de acordo com a vontade egoísta do homem, o
pregador moderno geralmente trata o pecado como se fosse uma ilusão, como se
não existisse, tal como já defendia a ciência cristã. As mensagens positivistas, de auto-exaltação,
do triunfo pessoal, do pensamento positivo e voltado em direção das riquezas,
isso já era proclamado pelos espiritualistas como Napoleon Hill e outros. Parte
dos conceitos de fé e pensamento positivo que ouvimos com tanta freqüência nas
mensagens modernas, não tem suas origens
nos pregadores e teólogos do passado, muito menos na bíblia, mas tem uma
descarada influencia das religiões orientais.
A tentativa de manipular as
circunstancias através de uma suposta fé, nunca foi ensinado nas escrituras
como se fosse uma fé verdadeira. Isso
nada mais é do que espiritualismo descarado! Note que a ausência de sermões que
denunciem os pecados dessa geração, que se oponha ao mundanismo que está
cravado no seio da igreja apostata, sermões que preguem arrependimento e
abandono dos pecados, não são proclamados, tal como fazia toda uma geração de
pregadores, como eram os puritanos por exemplo. Tudo isso são provas de que
estamos vivendo em uma era de enganos. Mas é justamente esse o perfil de um
pregador ou cantor que deseja fazer sucesso e ganhar dinheiro. Pouco a pouco
muitos homens não convertidos, descobriram que a igreja moderna é composta de uma
vasta multidão de gente sem discernimento, e introduziram encobertamente os
meios necessários para explorar a credulidade dessa gente. Assim como livros de
auto-ajuda vendiam aos milhares no mundo, porque não introduzir essa técnica
nas musicas e nas pregações? Até hoje, a maioria daqueles que se constituem os
“evangélicos modernos” não percebem essa invasão profana, justamente porque
nunca tiveram um contato com o verdadeiro evangelho para terem um discernimento
eficiente para perceber esse engano.
Assim, encontramos agora um
exercito de “ungidos” supostamente intocáveis, que afirmam serem enviados
celestes com títulos pomposos, pregando coisas arrogantes e vivendo debaixo de
uma vida cheia de regalias e confortos. Alguns vivem sustentando de forma
oculta a avareza e minam as bases fundamentais do evangelho com suas mensagens
metafisicas, satisfazendo os desejos egoístas, de serem adorados, idolatrados,
aplaudidos, etc. Essa é a síndrome de Nabodonosor, e toda a nossa geração
(salvo um pequeno remanescente) está contaminada por esse desvio da ortodoxia. ,
com certeza o drama dessa apostasia pode ser vista do ângulo mais real: a
igreja corrompida sustenta esses falsos profetas, esses falsários religiosos,
que enganam os incautos com sua teologia soberba para alimentar a
auto-idolatria, tudo isso no mais pomposo sentimento de que são enviados
especiais de Deus com uma missão nesse mundo. Não disse Paulo em Colossenses
2;8 que deveríamos ter cuidado, para que ninguém nos faça presa por meio de
filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo?
Era hora de acordar desse sono.
Cristo nos convida a humildade, a colocar o reino de Deus em primeiro lugar,
não nossos sonhos e opiniões. A viver com piedade e contentamento, não em
avareza e idolatria. Ainda resta uma via
de ortodoxia nessa confusão babilônica, são as veredas antigas, quem deseja
caminhar por elas? As veredas antigas, um caminho arcaico aos olhos humanos,
mas um caminho seguro para a comunhão com Deus pelo caminho da obediência.
Pr Clavio J. Jacinto
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