sábado, 18 de fevereiro de 2017

Niilismo cristão?


"A crise mais perigosa que enfrenta a igreja de Jesus Cristo hoje, é a penetração na mesma, de ideologias, crenças e costumes e doutrinas falsas" (Winston Medina)



Niilismo e a filosofia materialista dos que acreditam que tudo na vida se reduz a praticamente nada. O niilismo argumenta que as crenças religiosas são inúteis e portanto não tem qualquer sentido. Quando Paulo faz sua magnifica apologia a ressurreição de Cristo e dos santos, como ancora de esperança na vida cristã, face as dificuldades que a fé trazia no contexto cultural de sua época, ele declarou que se não existe ressurreição, ou esperança de vida eterna, então a filosofia que deve imperar é o comamos e bebamos porque amanhã morreremos (I Corintios 15:32 e todo o contexto). Pedro também fala sobre certo estilo de vida em que as pessoas se comportam como os animais irracionais, vivendo apenas pelo instinto natural (Veja II Pedro 2:12). Nas palavras de pedro se resumem na pratica a cosmovisão niilista.
Não havendo esperança além morte, tudo fica reduzido aos prazeres e dores de um universo  fechado, limitado apenas ao fenômeno da matéria e nada mais. Essa redução ao nada, fatalista e fria, pavimenta a consciência do homem para as mais terríveis formas de ver a vida, sem dar o valor espiritual a ela, perde-se no emaranhado de um materialismo calculista, fatalista, frio e tudo isso são os fios condutores do desespero. (Veja Judas 1:10)
Há uma convicção pessoal dentro do meu coração de que o niilismo está intimamente associado com o humanismo. Quando não há a a crença na existência em Deus, o ser consciente passa ser o centro da própria existência.  O homem não crê em Deus, passa de alguma forma a acreditar que é o centro existencial de um mundo fechado e mecânico, e isso é a forma mais grosseira de egoismo.

Como o niilismo sustenta a crença no nada, o prazer e a alegria passam a ser ancoras que sustentam a vida passageira. Aliás, dessa forma, aplaca-se as inquietações da alma com relação a consequências de ações e decisões. O niilista não se preocupa com coisas fora da matéria, não há juízo final, não há inferno, não há vida após a morte, não há consequência de pecados, por isso nenhuma irresponsabilidade tem reflexo na eternidade. Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos. Essa é a essencial do niilismo.
Agora deixem me dizer, que há um niilismo cristão. Veja como as coisas podem ser definidas de um modo geral dentro da cristandade. A igreja ocidental sofre de um niilismo cronico. E podemos ver isso, na maneira como o materialismo e a vida confortável  é cultuada. Além disso, o homem tornou-se o centro na religião cristã moderna. Olhe para o modo como se interpreta a questão das bençãos divinas. Benção é prosperidade, dinheiro, conforto, saúde, carros, roupas boas, ausência de dificuldades etc. O contrario disso, pobreza, dificuldade, doenças, adversidades, sofrimento, dor, desemprego tudo isso seriam os sinais de que uma pessoa não é abençoada por Deus. A teologia moderna se ampara no materialismo para sustentar a fé em Deus. Isso é uma tremenda apostasia, uma renuncia pratica do ensino do  novo testamento.
Há em nosso meio a tendencia de centralizar o homem em todas as coisas e a conquistar o desfrute das alegrias desse mundo, como se na verdade fosse tudo o que existisse para o cristão. Esse humanismo está enraizado dentro da cristandade de tal forma, que ele, o homem tornou-se o centro do universo, e tem gerado uma geração de pseudo cristãos, que são na pratica niilista. Comer e viver, viver pelos instintos e pela satisfação de si mesmo. Assim corre-se desesperado atrás de impérios terrenos, sonhos materialistas flutuam no coração dessa geração. Não é de admirar que os profetas cristãos niilistas rejeite a mensagem da cruz e busquem amparo em textos descontextualizados do antigo testamento, muitos desses trechos, s ão promessas condicionais dados a Israel na antiga aliança, e sustentam toda a teologia do conforto e riquezas nesses trechos.
Não é de admirar que o homem tenha centralizado a si mesmo, focado o seu ser como o centro do universo.  Os hinos modernos,as mensagens dos púlpitos, são de homens para homens, por isso não é de admirar que até em fachadas de templos, as imagens de supostos lideres cristãos estejam estampadas. Não bastasse a projeção midiática a dar um  atributo de semi-deuses ungidos  aos profetas modernos, a  projeção de suas figuras se estende além púlpitos e plataformas, vivendo nas mais altas regalias e construindo impérios financeiros encima da mensagem do evangelho.
"“Tristemente, quando olho ao redor, vejo multidões de crentes que têm fé vencedora, porém não têm um desejo veemente de estar com Cristo. Em vez disso, têm os olhos fixos nas coisas deste mundo e em como obtê-las. Acho que tais pessoas não querem ouvir a respeito de como se fixar no céu ou afastar-se desse mundo. Para elas, tal mensagem significa uma interrupção da "boa vida" que desfrutam aqui”. (David Wilkerson)
Onde está a cruz de Cristo e os homens crucificados? Onde estão os homens que foram crucificados para o mundo, que não se amoldam a esse seculo, que sabem que não podem servir a Deus e a Mamom? Encontramos em nossa geração homens cujo o viver é Cristo e o morrer é lucro?
Tenho acompanhado os escândalos envolvendo pessoas que dizem ser cristãs, pastores bêbados que sobem em púlpitos para projetar seu niilismo perante uma plateia cega, sem discernimento. Cantores gospel que se vendem a custa de migalhas para poderem ter uma projeção nacional através dos palcos shows de  entidades “missionarias”.      Ou o caso do Pastor que matou a sua esposa para receber o seguro de vida dela.  O que é isso? São ações de gentes que querem comer e beber, se enriquecer e desfrutar do mundo e nada mais. Não creem esses indivíduos  numa vida após a morte, no juízo de Deus ou no inferno? , esses hipócritas religiosos não acreditam na vida após a morte, não acreditam na ressurreição, não acreditam que o homem morre e depois enfrenta o juízo (Hebreus 9:27) se tivessem uma crença ortodoxa saberiam que coisa horrenda é cair nas mãos do Deus vivo. São niilistas, projetando sua próprias paixões mundanas. Podem cometer toda especie de delitos e injustiças, porque na verdade não creem num acerto de contas com o Senhor.

Aquele fazendeiro cego, em que Cristo narra em uma parábola mostra a loucura de uma vida regalada encima de uma prosperidade terrena debaixo de uma vida efêmera: 
“E assim direi à minha alma: tens grande quantidade de bens, depositados para muitos anos; agora tranquiliza-te, come, bebe e diverte-te!” (Lucas 12:19)
Você nunca irá encontrar um profeta niilista, desses que encontramos aos montes em nossa sociedade, fazer exposição das dificuldades da fé, do preço do discipulado e da vida crucificada que não ama as coisas do mundo, mas que morreu para ele. A descrição de Paulo revela  natureza da verdadeira fé cristã pratica: “Irmãos, não desejamos que desconheçais as tribulações que atravessamos na província da Ásia, as quais foram muito acima da nossa capacidade de suportar, de tal maneira que chegamos a perder a esperança da própria vida. “ (II Corintios 1:8)
A vida cristã não se submete as filosofias vãs e sutilezas desse mundo profano, estejamos cientes de que o que se projeta hoje na cristandade não é um cristianismo bíblico, mas um cristianismo hedonista, centralizado no prazer e no conforto, nas festas e no interesse próprio e nada mais. Essa denuncia feita por Paulo contra toda a glamorosa apostasia dessa era é: amantes de si mesmos (II Timóteo 3:2)
Não há duvida de que da maneira como vimos a tendencia dos cristãos modernos, em  ir em uma busca fanática e desenfreado ao materialismo, riquezas e tesouros desse mundo, a adorar o prazer, a fama  o sucesso e o conforto como um estilo de vida dito abençoado, adotam não uma vida cristã autentica pautada pela cruz de Cristo, mas adotam apenas uma especie de niilismo humanista e positivista, pautada no prazer do aqui e o agora sem a minima preocupação em prestar contas  perante Deus por suas ações, comportamentos, convicções e decisões.

"A maioria dos Cristãos buscam um deus que alivie suas dores, não um DEUS que governe suas vidas" (Dale Ralph Davis)

CLAVIO J. JACINTO

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