Já presenciei inúmeras vezes em
que pregadores, oram por pessoas e elas caem, dependendo das circunstâncias,
uns afirmam que tais pessoas “caíram no espírito” e em outras, que foram “anestesiadas”
para receberem a cura, de qualquer forma, deveríamos ser criteriosos sobre o
assunto, porém, como acontece sempre, a maioria se omite a verificar se essa
pratica tem o aval das escrituras. É um grande erro, aceitar as coisas sobrenaturais, como se
todas procedessem de Deus, ou ainda mais grave é aceita-las sem o apoio claro
das escrituras. Eu me preocupo bastante, com a falta de discernimento e a ignorância
sobre o assunto. Gostaria de deixar um parecer claro sobre essa pratica de derrubar
as pessoas, com o argumento de que elas estão sendo anestesiadas ou estão
cheias do poder de Deus, ou que foram derrubadas para que o SENHOR venha
efetuar uma cura nelas. No final, você mesmo pode tirar as suas conclusões.
Em primeiro lugar, a pratica de “cair
no espírito” se popularizou no movimento Vineyard de Toronto, Canadá. Foi de lá
que saíram muitas praticas bizarras, como a farenose, ou o que conhecemos como
a pratica do crente receber um “poder” ou uma “unção” e urrar como leão, latir
como um cachorro, e pasmem! Soltar gargalhadas estridentes e coisas assim (Esse
ultimo, também conhecido como o riso santo)
Em segundo lugar, Gunnar Vingren,
na década de 1920, nos primórdios do movimento pentecostal no Brasil, foi
informado que havia um “avivamento pentecostal” em Santa Catarina e se dirigiu
ao local desses encontros, ali entre certas manifestações, havia a pratica de “cair
no poder do espírito”. Vingren porém,
não aceitou as manifestações como autenticas, e as classificou como feitiçaria
(1)
Em terceiro lugar, o pastor norte-americano
Paul Gowdy, um dos mais antigos pastores do movimento Vineyard, o movimento que
popularizou no meio evangélico, a pratica do “cair no poder” abandonou o
movimento, ele mesmo declarou posteriormente ser tais manifestações enganosas e satânicas. (2)
Essas considerações foram feitas
por gente que conviveu com casos típicos do fenomeno de “cair no espirito”
Mas o que a bíblia diz sobre o
assunto? Quero me concentrar na temática polemica do “cair na unção” ou no “cair
anestesiado” ou “cair para receber uma cura” porque minhas verificações como
testemunha desses fenômenos, tiveram como contexto, o argumento de que eram uma
dessas três coisas que estava ocorrendo quando alguém recebia uma oração, caía,
supostamente pelo poder do Espírito Santo, para receber uma cura. Vamos verificar
nas escrituras, e depois você mesmo pode tirar suas conclusões.
Primeiro exemplo: A sogra de
Pedro (Mateus 8:14 e 15) quem derrubou ela? A doença! Quando Cristo chegou lá,
ela estava acamada, e então o Senhor repreendeu a febre e ela se levantou. Aqui
está um exemplo claro, de que Cristo não derruba para curar, mas cura para que a pessoa outrora doente, receba a cura e se levante.
Segundo exemplo: Um paralitico
recebe o perdão dos pecados, ele não precisou ser anestesiado ou cair no espírito
para receber a cura, pelo contrario, o Senhor mandou que ele se levantasse e
não que caísse (Mateus 9:6)
Terceiro exemplo: A ressurreição
de uma menina, ocorreu depois que a morte derrubou ela, nesse grandioso
milagre, Jesus mandou que ela se levantasse (Mateus 9:25) até aqui vimos como o
“cair” nunca é uma obra do Espírito Santo, mas o levantar sempre é o resultado
do milagre.
Quarto exemplo- Os cegos em
Jericó, clamaram ao Senhor. Eles desejavam receber a cura, então, pelo fato de
estarem assentados no caminho, o Senhor os cura. Eles seguem Jesus pelo
caminho, o que indica que estavam assentados e de imediato se levantaram. Para
recebeu a cura, não precisaram “cair no espírito” (Mateus 20:29 a 31)
Quinto exemplo: Jesus em Marcos 11:23 fala sobre o poder da fé, e a fé
nos conduz a possibilidade de que Deus
erga montanhas e não que derrube elas. Aqui está um exemplo simples, de que a
fé serve para levantar as pessoas e não para derrubá-las.
Sexto exemplo: A morte derrubou lazaro, e Cristo ordenou que
ele saísse da sepultura, o que indica que enquanto a morte derrubou Lazaro,
Cristo, pela ressurreição, levantou ele (João 11:43)
Sétimo exemplo: a cura do
paralitico no tanque de Betesda, Jesus não anestesia o homem paralitico, mas
ordena que se levante e tome o leito, simples e claro! (Joao 5:8)
Oitavo exemplo: Jesus encontra um
homem com a mão mirrada na sinagoga, e o que ele ordena? Que o homem se levante
para ser curado (Lucas 7:11 a 17) sem palavras, Jesus aqui, faz o inverso, dos
promotores do movimento “cai, cai”...
Nono exemplo: o coxo na porta
Formosa, o que João e Pedro ordenaram a ele? Levanta-te em nome de Jesus! (Atos
3:6) Eles não precisaram impor as mãos no pobre homem para “cair no espírito” e
receber a cura, simplesmente ordenaram que ele se levantasse, e ele se
levantou.
Décimo exemplo: quem derrubou Dorcas?
A doença e a morte! E quem ordenou que ela levantasse? Oh sim! Leia você mesmo
(Atos 9:39 a 43)
Décimo primeiro exemplo: A cura
do paralitico em Listra, ordenaram a ele que se levantasse, e não que “caísse no
espírito” para receber uma suposta anestesia e uma cura. (Atos 14:10)
Exemplos negativos nas escrituras
Primeiro exemplo: O demônio derrubou
um homem dentro da sinagoga, quando foi repreendido por Jesus (Lucas 4:31 a 37)
Segundo exemplo: Os que foram
rebeldes na peregrinação do êxodo, morreram caídos, prostrados no deserto (I Coríntios
10:5)
Terceiro exemplo: Por ocasião daquele
acontecimento trágico, em Atos 5, Ananias e Safira caíram diante de Pedro.
Porque? Fizeram trapaça e mentiram. Aqui temos um exemplo de duas pessoas caírem
diante de uma congregação, na presença de um apostolo aqui eles caíram pelo poder
de Deus, mas foi um juízo divino. (Atos 5:1 a 10)
Quarto exemplo : aqui mais uma
vez, a ação de demônios derruba uma vitima, induzindo-a a que seja arremessada
ao fogo e na água, e então depois de uma radical libertação, ela fica como
morto, caída no chão, até que Jesus o levanta. Como vimos, Jesus levanta
aqueles que os demônios derrubam (Marcos 9: 24 a 26)
Positivamente considerado
Exemplo de João na Ilha de
Patmos.(Apocalipse 1) Nesse caso, foi a glória de Deus que se manifestou de
forma literal, não foi por causa de um enchimento, uma unção que caiu sobre João
ou por causa de uma cura que ele tinha que receber, por isso não deve ser
tomado como argumento favorável, para o “cai, cai” porque João se prostrou
diante de Cristo por causa da glória e da autoridade do Filho de Deus, como
podemos observar em Filipenses 2:10. E não porque alguém orou por ele, para
receber uma unção ou uma cura.
Exemplo de Paulo no caminho de
Damasco. Mais uma vez, podemos observar que a queda de Paulo foi por causa da
glória e da autoridade de Cristo, e não porque Paulo foi cheio do Espírito, ou
que recebeu uma unção especial. Portanto o exemplo de Paulo não serve para
justificar o “cai, cai” moderno promovido por pregadores pentecostais.
O exemplo da glória no templo em
I Reis 10:8 a 11, não serve como alicerce, para justificar o movimento do “cai,
cai” porque o que ocorre ali é a glória e o poder de Deus, impedindo a ministração
dos sacerdotes, não se trata de um recebimento de poder, uma unção que os
sacerdotes receberam, como querem propor os defensores do movimento do “cai,
cai”
O exemplo de Daniel 10:8 e 9,
também nada tem a ver com as experiências do movimento “cai, cai” aqui Daniel
tem uma experiência singular de revelação, ele não recebeu uma unção, um
enchimento ou teve alguém que impôs as mãos sobre a sua cabeça, ele não estava
em um culto, nem precisava receber uma cura, apenas teve uma experiência singular
da autoridade de Deus, e a revelação sobre os acontecimentos dos últimos dias.
Considerado a partir do movimento
da graça de Deus no coração do homem
Nesse caso, a queda espiritual do
filho prodigo foi por causa de seu pecado, e quando ele caiu em si,
simplesmente se levantou, e foi ter com seu pai. A graça levanta o homem, para
estar firme e sóbrio diante de Deus
(Lucas 15:18)
Considerado na perspectiva
ministerial
“E a oração da fé salvará o doente,
e o Senhor o levantará...” (Tiago 5:15) na ministração de oração ao enfermo, a
orientação bíblica é que o enfermo se levante, e não que sofra uma queda para receber
supostas cirurgias e ou anestesias. Tais conceitos são completamente estranhos
as escrituras.
Uma palavra final: considerando o
que as escrituras falam sobre o assunto, não tenho a intenção de ser áspero em
minhas palavras, apenas desejo que todos sejamos coerentes, e tenhamos o
discernimento, para não cair em enganos, nem abraçar outro evangelho, pois isso
é abrir as portas para a maldição (Gálatas 1:8). Portanto segue a regra simples de ficar
somente com a revelação das escrituras, a bíblia como lâmpada que ilumina
nossas questões espirituais (Salmos 119:105). Creio que as manifestações
autenticas do poder de Deus, se encaixam perfeitamente com a revelação das
escrituras e não desrespeitam as regras nelas contidas ou invertem os princípios
nelas descritas. Creio na suficiência das escrituras, e no que ela ensina, e na
medida em que leio e estudo a bíblia, compreendo que tudo deve ser testado de
acordo com seus ensinos. Pelo fato da porta do sobrenatural estar aberta,
inclusive as portas do engano. João admoesta a provarmos os espíritos (I João
4:1 a 6).
Muitos temem blasfemar contra o Espírito
Santo, e se esquecem que a blasfemia pode vir justamente no fato de atribuir ao
Espírito Santo, coisas que trazem confusão, divisão, discórdias, bizarrices e
tantas coisas que distorcem a verdadeira natureza das coisas santas e puras.
Lembremos disso sempre. Pois o Senhor
deve ser exaltado através de nossa fé. Deve ser adorado através de nosso culto,
e deve ser respeitado através da revelação das escrituras.
O simples fato de rejeitar algo que não tem
apoio nas escrituras não se constitui um pecado, na verdade, trata-se de ter
sobriedade, prudência e sabedoria, com relação as coisas espirituais.
Textos bíblicos para um estudo
pessoal
II Timoteo 4:3 e 4, Judas 3 a 13,
Mateus 24:11 a 13, Deteronomio 13:1 a 3, II Tessalonicenses 2:1 a 12, I Corintios
3:16 a 17II Pedro 2:1 a 3.
Tenhamos muito cuidado com as
novidades e as inovações
A escolha é sua...
Eu fico com as escrituras, com a ordem e com a decência...
Autor Clavio J. Jacinto
(2)
http://wwwcomunidadecristaleaodejuda.blogspot.com.br/2011/03/cair-no-poder-e-de-deus-ou- do-diabo.html
Veja também a posição de Ciro Zibordi em
As declarações de Paul Gowdy em:
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