Pobre de espírito
Mateus 5:3.
Os ensinos do sermão da montanha
são dignos de uma boa meditação, pelo menos uma vez por mês, devemos rever cada
versículo desse ensino tão maravilhoso. A profundidade dos ensinos do sermão da montanha são enormes e a lapidação
que produz no caráter do homem é magnífica. Qualquer cristão pode ter seu
coração lapidado ao requinte de uma preciosa jóia espiritual se praticar os
ensinos do sermão da montanha. Cristo, nosso bendito Salvador começa seu
discurso com a declaração de que são bem aventurados os pobres de espírito,
pois dos tais é o reino de Deus. (Mt 5:3) Essa declaração não vai ganhar força em
um coração egoísta e soberbo. Sem uma visão correta da nossa própria condição
de miséria, não poderemos seguir em passos firmes ao interior do castelo das
bem aventuranças. Não há espaço nessa porta estreita para os orgulhosos e auto-suficientes.
Mas afinal, o que é ser pobre de espírito?
A palavra grega “ptochos” traduzido
no texto citado, indica um mendigo cheio de necessidades, mas que não tem
condições de suprir a si mesmo, e precisa da bondade e da misericórdia dos
outros para alcançar a satisfação de suas necessidades. Isso significa muito, porque Cristo está
afirmando que o reino de Deus constitui-se de cidadãos mendigos. Talvez isso
seja difícil de aceitar, mas é essa a condição mais comum para compreendermos
uma das jóias mais preciosas da doutrina cristã: a graça de Deus. Não somos
merecedores de nada, mas Deus nos concede tudo por misericórdia. É reconhecendo
essa condição, que passamos a viver uma vida de entrega constante ao Senhor.
Somos fracos, mas ele passa a ser a nossa força, temos fome, mas Ele passa a
ser o nosso pão de cada dia, em tudo há uma dependência, isso é ser pobre de espírito. Além disso, um mendigo, dentro do nosso contexto
das escrituras, significa alguém muito humilde, sem restrições na visão de si
mesmo. Ele sabe que é pobre, portanto como um servo, vai render-se ao Senhor
que tem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. A história da redenção
é um drama crônico. Porque praticamente não conseguimos ver a gravidade da nossa
condição de pecadores, mas Isaias 1 descreve o que somos, basta ir lá e ver
como Deus enxerga as almas rebeldes. Porém Deus nos dá seu Filho, Ele da o
melhor do Céu para os piores pecadores dessa terra: seu próprio Filho Unigênito, para morrer por nós pobres
pecadores. Quando olhamos para essas realidades, temos que curvar a nossa face,
todo o nosso ser, porque até então, não éramos merecedores de nada, mas na
nossa condição miserável, Cristo concede a bênção da redenção, então de
mendigos comemos das dádivas da graça divina, o doce paladar celestial vem até
nossa alma, não temos como alcançar por nós mesmos, não merecemos por qualquer mérito
pessoal, mas assim mesmo Ele nos dá da sua graça, e nos concede as riquezas da
vida Eterna que é seu próprio Filho amado. Não sei como você se sente ao ler a bem
aventurança de abertura, que é o acender de uma lâmpada que vai iluminar todo o
percurso do sermão da montanha. Mas eu sou um cristão feliz, um pobre, meu ego
está morto, precisa morrer diariamente, já não tenho nada, preciso andar na
realidade suprema da verdadeira vida espiritual, Cristo é meu Senhor, meu
salvador, é meu tudo. Sem Ele não sou nada. Isso é ser pobre de espírito, é algo radicalmente
oposto a qualquer tipo de homem orgulhoso, que pensa ser alguma coisa quando
não é nada. Nós vagamos pela vida cristã muitas vezes longe dessa identidade,
usamos títulos, buscamos aplausos, queremos receber vanglória, queremos andar
pelo caminho largo da fama, queremos reconhecimento e tantas coisas mais. Mas
tudo isso é nada, são pedras que pavimentam o orgulho e a perdição. Na nossa
pobreza de espírito, Deus concede tudo o que precisamos para sermos
espiritualmente ricos, pela sua infinita graça e nada mais.
Clavio J. Jacinto
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