terça-feira, 15 de maio de 2018

Farol ou Lâmpada?


Todo o homem nasce com o desejo de grandeza, isso é uma contaminação no nosso coração, porque essa exigência do ego nos força a fazer com que os outros nos adorem e estejam orbitando em torno de nós. A saída do centro, para colocar o Senhor no seu devido lugar, o centro das nossas vidas, é um golpe fatal no nosso ego, poucas pessoas, mesmo aquelas que professam a fé cristã querem tal coisa. Ninguém quer ser o ultimo, nós queremos ser um farol pungente, cercado pelo oceano da glória humana, queremos ser colossais a vista dos outros, e brilhar em meio a escuridão de outros egos vazios, queremos que as pessoas observem que nós estamos ali, para ser o centro. Eu costumo ir para casa todo o fim de tarde, a rua pelo qual percorro o meu trajeto é iluminada por lâmpadas, mas eu não as observo, elas não são o centro, não servem para iluminar a elas mesmas, elas servem para iluminar o ambiente, como no sermão do monte Cristo disse que não se acende uma lâmpada para colocar debaixo do alqueire, mas no velador para iluminar a todos a sua volta. É difícil viver a vida colocando os outros em destaque,”E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de Todos “(Marcos 10:44) é muito difícil ter Cristo no centro, e nós apenas como um referencia para que todos olhem para Ele e nem sintam a nossa presença. Aquela vontade de ser farol, , de ser estrela, de ser o centro, é um gigante com um enorme potencial de teimosia. O nosso coração se sente ofendido quando somos “esquecidos” o frio sepulcral da tristeza parece repousar quando o outro se destaca e nós somos esquecidos. Não queremos ser o ultimo, porque essa posição fica na retaguarda dos que não merecem um aplauso e um elogio. Mas quando Cristo é o centro, isso não importa. Títulos eclesiásticos, sabedoria, erudição, vida de piedade, tudo tende a colocar Cristo no seu devido lugar: o centro da nossa vida, de outra forma, é uma violência elementar aos princípios mais verdadeiros da santidade. É um pecado sério, quando queremos usurpar um lugar que pertence exclusivamente a Deus. Se isso não incomoda-nos creio que há uma insensibilidade mórbida dentro do nosso coração. Há no Antigo Testamento uma cena, em que um farol se destaca com um brilho intenso de auto-suficiência e arrogância, seu nome é Golias, por outro lado, surge no cenário um Davi que não era o centro em nada, era o anônimo absoluto aos olhos humanos. Mas era uma lâmpada, seu brilho só é útil quando a escuridão moral e espiritual reina a sua volta, então ele brilha, não para a promoção de si mesmo, em todos os casos, a vida de Davi é uma vida onde cada degrau que ele sobe, é o Senhor que o coloca lá, ele não se auto-promove em nenhum momento! Davi está lá nas atividades mais rebaixadas, num campo cuidando de ovelhas, enquanto a reunião era feita na casa de seu pai para decidir quais dos seus irmãos auto-centrados seria ungido por Samuel para ser rei de Israel. Davi não decidiu comparecer, talvez estivesse alheio a tudo o que estava acontecendo, tiveram que chamá-lo, quando entrou na casa do pai, não disse a Samuel “Sou eu mesmo” foi o Senhor quem disse “levanta-te e unge-o porque é este mesmo”(I Samuel 16:12) A lâmpada é apenas um instrumento frágil, ela não resiste as ondas e as tempestades de um mar revolto, mas no seu devido lugar de disponibilidade, sem viver no universo das estrelas, apenas num velador, alumia a todos e não recebe aplausos de ninguém.
Autor: Clavio J. Jacinto

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