I – A expressão espiritual do
culto
O culto é a expressão máxima da
adoração, desde que o homem esteja ciente de que foi criado para adorá-la, e
que desempenhe este papel com consciência e responsabilidade, estará exercendo
um culto de alto nível. O primeiro culto registrado nas escrituras, foi um
culto pessoal, de sacrifício e gratidão, esse culto começou com Abel. De forma
simples, porém com uma profundidade de amor, Abel oferece das primícias de suas
ovelhas. Era um culto racional, onde o centro do desejo era agradar a Deus
unicamente e não a si mesmo. Como a maioria está longe desse padrão. Desde
então, a marca do culto verdadeiro tem tido como ingrediente o sacrifício, e
talvez muitos não percebesse que essa marca, digo do sacrifício, desde o começo
tem sido a regra, e nunca foi anulada, ainda que na Nova Aliança. Paulo
escreveu: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional.”(Romanos 12:1)
Quando Paulo fala que todo o
nosso corpo deve ser apresentado como um sacrifício vivo, significa que o corpo
com todos os seus atributos e faculdades, emocionais, racionais e espirituais
estejam completamente voltados para a adoração e o louvor. Como em um martírio,
o homem santo fiel, se entrega
completamente a morte por amor ao Senhor, no culto racional e verdadeiro, o
adorador se entrega incondicionalmente ao exercício de suas faculdades e
sentimentos, para amar a Deus e adora-lo na sua beleza e na sua santidade.
Vimos como essa é uma atitude
radical, o sacrifício sempre foi parte do culto, ainda que nos tempos mais
primitivos, esse era o principio. Na perspectiva cristã, o culto está
centralizado no Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29)
chamamos isso de culto cristocentrico, porque também entendemos que Cristo é o
mediador e o caminho até a presença do Pai. (João 14:6). No culto, presta-se
sincera reverencia e respeito, assim como se manifesta o mais puro temor ao
Senhor, chamo esse temor de reverencia sagrada e de um sagrado respeito. Não se
trata de medo, mas de reverencia sacra devido a elevada santidade dos
pormenores do verdadeiro culto. Nunca podemos em hipótese alguma diminuir o
eterno valor de um culto ou considerá-lo como uma reunião qualquer, sempre tive
a convicção que o ambiente do culto deve
ser considerado como uma atmosfera celestial, logo em seguida, um ambiente que
deve ter igual teor é o lar do cristão. Se o lar não for um pedacinho do céu na
terra, o culto não será um uma extensão da piedade familiar.
Como na antiga aliança o animal
para o sacrifício deveria ser perfeito, isso indicava que era simbolicamente um
animal puro, assim também somos chamados
a relacionarmos com Deus com um coração puro (Salmos 15:1 a 5 com Mateus 5:8).
Creio que um dos aspectos normais do cristão seria sempre cultuar a Deus com um
coração puro. Como isso pode ocorrer? Somente com contrição e arrependimento.
Se confessarmos nossas faltas e nossas culpas, Ele nos perdoará. O sangue de
Cristo tem poder purificador quando há verdadeiro arrependimento e confissão. Assim, cada vez que irmãos se reunirem para o
ato de adoração, quando há um propósito de uma assembleia de irmãos se reunirem
ara cultuar e adorar a Deus, deve haver um quebrantamento, arrependimento e
confissão de pecados e isso deve ser feito de maneira pessoal ou conjunta,
antes do inicio de qualquer atividade sacra congregacional. O Senhor está
pronto para ouvir nossa confissão e perdoar nossas falhas e pecados. Não vimos
isso hoje, muitos ditos cristãos modernos, não andam por sendas antigas. Buscam
o entretenimento ou coisas egoístas. Na vida espiritual, não importa a nossa
satisfação pessoal, a questão é sempre buscar com que Deus esteja satisfeito
com a nossa devoção.
II – Aspectos pessoais no culto
Como um sacrifício vivo, o homem integral,
adorador, deve ter todo o seu voltado para a o serviço de adoração. Sua pessoa
deve estar completamente concentrada nesse aspecto. Seu coração deve estar
completamente voltado para a adoração consciente. A reverencia ao lugar sagrado
da reunião deve ser um critério indispensável.
Nada menos do que isso. Essa exigência deve ser rigorosa consigo mesmo,
pois dificilmente temos controle sobre outras pessoas, e de fato nem devemos
ter. Como estamos lidando com um assunto espiritual e santo, temos que ser
exemplo de piedade e reverencia no culto, e assim nosso modelo pode ser
exemplo. O fato é que o culto deve ter uma atmosfera espiritual muito elevada,
então a reverencia e o temor devem ser aspectos comuns durante a reunião.
Portanto aqui está a questão. A roupa que vestimos, o comportamento reverente,
o coração preparado, a oração que precede o inicio de uma reunião, a atenção
voltada para todos os aspectos do culto, a reverencia atenciosa para a Palavra
de Deus, o cantar com alegria intensa, o
louvor que deve vir do profundo do nosso coração. Ora, as escrituras ensinam
que devemos guardar o mistério da fé em uma consciência pura (II Timóteo 3:9)
Esse mistério precioso é base fundamental da nossa espiritualidade. Fé e amor
constituem-se lâmpadas que acendem a nossa devoção e alumiam o caminho do nosso
testemunho.
III- Aspectos espirituais do
Louvor
Cantar é abrir o caminho da alma
para a contemplação. Mas pra quem a igreja moderna está cantando? Uma das mais terríveis
blasfêmias ocorre hoje em muitos cultos, quando a glória de Deus é roubada por
homens que tornaram “astros” e ocupam um lugar central nas reuniões. A influencia do humanismo e da psicologia tem
devastado a adoração cristã, e os hinos tornaram-se antropocêntricos, homens
cantando para homens. Resumem-se dessa forma muitas das atividades que envolvem
o “louvor moderno”. Cantores que cantam musica comercial e emocional feita para
pessoas com enfermidades espirituais crônicas. Assim o triunfalismo brota das
letras que são dirigidas na primeira pessoa no singular, aos ouvintes que
desejam derramar todas as tristezas e aflições por uma válvula de escape, e a
musica tem um poder enorme de contribuir para a realização de tal fenômeno psicológico.
Eis porque os hinos modernos fazem tanto sucesso e efeito na vida das pessoas,
sem, contudo realizar na realidade o que prometem. Mas pelo simples fato de que
uma reunião pode fazer alguém chorar de emoção, por sentir que a música toca no
seu problema, e que por uma ilusão religiosa pensa que Deus está falando com
ele através do hino cantando, surte um efeito tremendo! Mas lembre-se isso não
é adoração! Isso não é louvor a Deus! Nunca foi e nunca será. Isso nada mais é
do que musica feita de homens para homens. Podem essas musicas serem bonitas,
podem ser emocionantes, podem fazer sucesso, arrancar choros e aplausos, mas
será apenas musica humanizada e nada mais.
Cânticos que exaltam o homem são flamas de fogo estranho em falsos
cultos. Não há nisso qualquer teor de verdadeira espiritualidade. Deve ser
evitado a todo o custo. Trata-se da corrupção do louvor, tal coisa deve ser
evitada nas reuniões. Nunca devemos aceitar musicas que foram feitas de modo a
achar que nos somos o centro da reunião.
O verdadeiro louvor não é alguém cantar pra mim ou para um grupo de
pessoas reunidas, louvor é cantar abrindo um caminho para a adoração coletiva,
ou seja cantar louvando a Deus e levar a igreja a percorrer o mesmo caminho de
adoração e contemplação. Isso é verdadeiro louvor!
III – Aspectos morais dos adoradores
Como um ambiente santo o culto não é um lugar
de fofocas, murmurações e anormalidades, mas um lugar de ordem e decência.
Nesse caso, no comportamento particular de cada cristão, deve haver uma santa
reverencia nas atitudes, pois se o ambiente é sagrado, então essa sacralidade
deve se manifestar a partir do nosso comportamento. As palavras, as atitudes, o
comportamento, o modo de vestir-se e a atenção devem ser plenos. Existe uma ordem moral que deve ser estabelecida
no culto, porém isso não significa que não se possa manifestar alegria, em
hipótese alguma, mas a alegria produzida por uma comunhão com o Senhor e uma
satisfação de saciedade espiritual e fraternal com outros irmãos. Por isso, em
ambiente santo, não se faz uso de gestos obsceno e palavras torpes. Nesses
aspectos morais incluem nossa conduta reta perante o Senhor, ainda que com a
alegria de servir e adorar a Deus, um culto nunca pode ser desordenado, mas bem
ordenado, bem administrado. A ordem do culto é um reflexo da influencia do Espírito
Santo, veja que em Genesis 1 o Espírito do Senhor pairava sobre o caos, para
que a ordem e a organização das coisas criadas fossem uma realidade consequente
do agir do Senhor. A igreja de Corinto parecia ser uma igreja com sérios
problemas de ordem e conduta, por causa da carnalidade e do carismatismo desordenado.
Foram repreendidos por Paulo! Havia desordem, num palavra mais simples, era um
culto bagunçado, onde a desordem reinava.
Longe de tal coisa, o culto santo é organizado e ordenado, onde as pessoas
devem ficar cada uma em s eu devido lugar. Sempre ensinei que onde há confusão,
ali não está o Espírito de Cristo. Onde há desordem, Deus não pode prover de
bênçãos. As coisas divinas são organizadas e o culto não foge dessa regra.
IV- Aspectos espirituais do
culto.
O fundamento básico de um culto
é: a adoração e a pregação expositiva das escrituras. Com relação à adoração,
isso inclui a musica sacra, hinos congregacionais onde cada cristão devem
participar com toda intensidade de um amor sincero, a oração e o espírito de
reverencia e atenção ao culto. Com relação à Palavra de Deus, essa deve ocupar
um lugar especial, pois os conselhos do Senhor precisam ser proclamados, os
fundamentos da sã doutrina devem ser estabelecidos de forma clara e poderosa. Uma
vez que as escrituras ensinam que a verdadeira igreja é a coluna e firmeza da
verdade (I Timóteo 3:15) deve ela promover a palavra que santifica. Disse
Jesus: “santifica os na verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17). A palavra de Deus é de maravilhosa
importância, deve ser amada, e todo o verdadeiro cristão preza por ela, e deve
ser exigente com relação a isso. Sim, digo que um cristão verdadeiro, ama
sermões bíblicos, e procura sempre buscar ouvir tais sermões. Ele ama os
mandamentos e vai defender sempre a sã doutrina. O fundamento espiritual do
culto é fazer com que Deus seja exaltado em todos os momentos, quer seja nos
cânticos, nas orações, na comunhão ou na exposição das Escrituras.
V – Amando com um amor verdadeiro
É o amor verdadeiro que nos
conduzirá aos sentimentos mais profundos com relação a Cristo, pois ele mesmo
ensinou que devemos amar a Deus de todo nosso coração, alma e pensamento
(Mateus 22:37) isso é muito profundo, porém é uma exigência fundamental. Eu
creio que raramente alguém alcança esse padrão em um culto ou na sua vida de
piedade diária. Mas aqui está algo pelo qual precisamos pensar; nosso amor
realmente é intenso? É radical nosso sentimento pelo Senhor? Não estou
perguntando se você ama os hinos ou a pregação, a questão aqui é relacionada a
uma pessoa, ao próprio Deus que é o nosso Pai. Sendo Ele o nosso Pai eterno,
significa que há um relacionamento intimo cuja força é o mover do nosso
profundo amor pelo Senhor. Nesse mundo encontramos o amor radical entre os
fanáticos pelo futebol, pelas riquezas, por bens materiais, por artistas de
cinema, há na idolatria um amor cego que corresponde ao mais extremo amor
doentio por coisas erradas, o que se constitui em um tremendo pecado. Mas se o
radicalismo fanático é tão normal entre os idolatras, porque esse amor não é
comum entre os cristãos? N ao
temos motivos suficiente para amarmos ao Senhor, se ele amou o mundo de tal
maneira que deu seu Filho unigênito para morrer na cruz pelos nossos pecados.
Que grande amor! O amor que leva ao sacrifício mais extremo, o amor que leva ao
infinito do sentimento mais verdadeiro, um amor que conduz o próprio Deus a
agir de maneira extremamente radical, mas infelizmente não estamos
correspondendo a esse amor.
VI – Aspectos do culto
conservador
Um culto conservador é um culto sacro, cujo
centro é Cristo e o papel da igreja é adorar e aprender e o papel do pregador
são unicamente pregar a palavra e ensinar as escrituras de forma clara e
eficiente. No culto conservador, a
eficiência do Espírito Santo é tudo o que precisamos e a importância da palavra
deve ocupar um lugar de suma importância. Não existe espaço para fogo estranho,
não há espaço para formas errôneas de espiritualidade corrupta, como pensamento
positivo, metafísica, entretenimento, teatro, shows musicais, teorias
psicológicas e tantas inovações que quebram a unidade sacra de um culto que é a
proclamação da Palavra e a adoração cristocentrica.
A- Só
a Ele darás culto. (Mateus 4:10) na tentação, o diabo queria que Cristo se
prostrasse em santo respeito e devoção ao inimigo. Às vezes nós somos o próprio
inimigo. Muitas pessoas querem ser o centro da reunião. Querem tomar a gloria
para si, essa tendência é universal entre os homens.
B- Santo
sereis, porque eu , o Senhor vosso Deus,
sou santo (Levitico 19;1) Aqui está a questão essencial da vida de piedade. A
santidade é uma exigência do Senhor, e Ele quer que sejamos idênticos a Ele. Há
uma máxima que diz que nos tornamos semelhante àquilo que amamos então isso
deve ser verdadeiro com relação a nossa vida espiritual quando amamos ao Senhor
e o adoramos em Espírito e em Verdade. Separados e santificados, consagrados a
parte para amar ao Senhor com todas as faculdades da nossa alma.
C- Pela
fé Abel ofereceu melhor sacrifício do que Caim (Hebreus 11:4) não era uma
questão de disputa, mas de amor sincero. Não que houvesse uma grande competição
entre Caim e Abel, mas era uma questão de amor e coração. Caim viu o culto e o
sacrifício de modo superficial, o valor era sem muita importância, a qualidade
era comum, não havia algo de suma importância na sua devoção, então ele deu o
que estava no seu coração ao seu modo, superficial, sem amor ardente, sem
paixão incandescente. Abel deu do seu rebanho, o que havia de melhor, era
intenso seu amor, fervorosa sua piedade, radical no afeto, tinha uma paixão
incandescente e por isso apresentou um sacrifício superior. Qual caminho da sua
devoção, o de Caim ou o de Abel? Ambos apresentaram sacrifícios e culto, ambos
tinham altares. Mas havia uma diferença na essência da espiritualidade. É
importante que avaliemos nossas motivações, nosso amor, nossa qualidade de vida
espiritual, é importante que avaliemos a qualidade de nosso sacrifício, que
avaliemos nossa conduta cristã. A qualidade de nosso culto pessoal, a
intensidade de nossa devoção, o fervor de nosso amor. Só assim poderemos
descobrir se estamos ou não longe do caminho de Caim. Este teve um culto
rejeitado, um sacrifício rejeitado, uma devoção superficial, uma espiritualidade abaixo da medida dos
padrões exigidos pelo Senhor. Em outras palavras: Foi rejeitado por Deus. Assim
vimos que a excelência, a qualidade superior, a devoção mais elevada, o amor
mais intenso, estava com Abel e não com Caim (Veja Genesis 4: 2 a 5) Assim
vimos como de modo negativo, Caim perpetuou um caminho em que muitos religiosos
superficiais e pseudo-adoradores ainda continuam a trilhar, Judas fala sobre o
caminho de Caim (Judas 1:11) Verdadeiros cristãos nunca devem trilhar esse
caminho rejeitado por Deus. Por isso mesmo, você deve amar a Deus de verdade,
de todo o coração, alma e pensamento, deve dar o melhor de si, seu temor, sua
reverencia, seu afeto, sua contemplação, sua adoração, sua devoção, sua atenção
etc.
VI – A santa humildade
Se há uma virtude que deve ser
cultivada no coração de um adorador é a humildade, pois quem é humilde se
humilha, confessa, reconhece as próprias falhas e limitações, e sabe que
precisa ser dependente de Deus. A humildade nos conduz aos caminhos da
dependência de Deus, nos conduz aos caminhos da misericórdia do Senhor. Não
somos merecedores de seu amor e da sua graça benevolente, mas mesmo assim, ele
nos amou e enviou seu Filho para morrer por nós. Na humildade sentimos nossas
fraquezas, mesmo assim corremos aos pés de cristo. Essa é a ordem das
Escrituras: “humilhai-vos” (Tiago 4:10) vivemos dias em que os homens se
exaltam, possuem uma sede devoradora de aplausos e fama, mas somos chamados
para a humilhação diante do Senhor. Talvez isso não soe muito bem numa geração
escravizada por teorias psicológicas, fala-se hoje muito sobre autoestima, mas
na vida cristã, Deus é que deve ser intensamente estimado, e o homem para
receber os benefícios e as bênçãos do Senhor, deve se humilhar perante Ele,
para receber os benefícios de suas ricas bênçãos, Não tema o quebrantamento, o
Senhor habita e contempla um homem de coração quebrantado, o Senhor ajuda e
abençoa aqueles que se humilham perante a Sua Santíssima presença. Há promessas de bênçãos ao povo santo que ora
e humilha-se (II Crônicas 7:14)
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