John Flavel (1671)
Se a morte de Cristo foi aquilo que satisfez a Deus em favor de
nossos pecados, existe uma infinita malignidade no pecado, visto que
ele não pôde ser expiado de outro modo, senão por meio de uma satisfação
infinita. Os tolos zombam do pecado, e existem poucas pessoas
no mundo que se mostram verdadeiramente sensíveis a respeito de sua
malignidade. No entanto, é certo que, se Deus exigisse de você a penalidade
completa, os sofrimentos eternos não seriam capazes de expiar a
malignidade que se encontra em um só pensamento pecaminoso. Talvez
você pense que é muito severo o fato de que Deus sujeitaria as suas
criaturas aos sofrimentos eternos por causa do pecado e nunca mais
ficaria satisfeito com elas.
Quando, porém, você considerar bem a verdade de que o Ser contra
o qual você peca é o Deus infinitamente bendito e meditar em como Ele
agiu em relação aos anjos que caíram, você mudará de idéia. Oh! Que
malignidade profunda existe no pecado! Se você deseja entender quão
grave e horrível é o pecado, avalie seus próprios pensamentos, quer à
luz da infinita santidade e excelência de Deus, que é ofendido pelo
pecado; quer à luz dos sofrimentos de Cristo, que morreu para oferecer
satisfação pelo pecado. Então, você obterá compreensões profundas a
respeito da gravidade do pecado.
Se a morte de Cristo satisfez a Deus e, conseqüentemente, nos
redimiu da maldição do pecado, a redenção de nossa alma é caríssima.
As almas são preciosas e muito valiosas diante de Deus. Sabendo que
não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula,
o sangue de Cristo (1 Pe 1.18-19). Somente o sangue de Deus é um
equivalente para a redenção de nossa alma. Ouro e prata podem redimirnos
da servidão humana, mas não podem livrar-nos da prisão do inferno.
Toda a criação não vale a redenção de uma única alma. As almas são
muito preciosas; Aquele que pagou o preço da redenção delas pensou
nisso. Mas os pecadores vendem por um valor muito baixo as suas
próprias almas. Se a morte de Cristo satisfez a Deus no que diz respeito
aos nossos pecados, quão incomparável é o amor de Deus para com
pobres pecadores! Se Cristo, por meio de sua morte, consumou uma
plena satisfação pelo pecado, Deus pode perdoar com segurança o maior
dos pecadores que crer em Jesus.
Extraido de Fé Para Hoje
Numero 14 Ano 2002
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