Muitos Comentaristas e teólogos defendem
com acerto que Genesis 3:15 anuncia a vitória de Cristo, por esse motivo é
chamado de “protoevangelho”, não discordo dessa posição, porém veja os
primeiros lampejos do Evangelho em Genesis 3:8. Por quê? A resposta é simples,
Adão e Eva já tinham caído, pecaram no ato da desobediência, ouvindo a voz do
Diabo e seguindo seus conselhos malignos. As conseqüências foram imediatas,
perceberam a nudez, confeccionaram
roupas inadequadas e se esconderam do Senhor, então Genesis 3:8 narra a descida
do Senhor ao jardim, a passear pelo paraíso na virada do dia. Nessas alturas, aplica-se
um princípio espiritual: nossas iniqüidades fazem separação entre nós e
Deus(Isaias 59:2 a 4) Deus era onisciente, sabia do desastre, todo o dialogo
envolve um teste, não significa que o Senhor não estava consciente da situação.
Mas o Senhor desce, o criador volta, é um retorno, é uma visitação. Isso é evangelho!
Deus conosco, Genesis 3:8 é Mateus 1:23, Emanuel, Deus conosco. A misericórdia de Deus em ação diante de uma
situação de precariedade espiritual, não há mais prazer no encontro e na
comunhão com Deus, já não há mais amor. Não ouvimos uma declaração de amor por
Deus no dialogo de Adão e Eva, não uma inclinação para um arrependimento, mas
Deus desce, estava ali diante deles, perante eles, dialogando com eles. A
sentença da morte sobre o primeiro Adão, mais adiante também cairia sobre o
ultimo Adão, em ambos uma sentença, a primeira por causa do desobediência e no
ultimo por causa da redenção. Essa descida do Senhor até a criação, em Genesis
3:8 é o principio do Evangelho, ela prefigura Cristo o verbo que se fez carne,
ali no Éden era o princípio dos tempos, mas no caso de Cristo, a plenitude dos
tempos.(Gálatas 4;4) entendemos perfeitamente que quando Senhor desce ao
encontro de Adão essa era uma prefiguração de Cristo que vem tabernacular com
os homens. A iniciativa é sempre divina, o ato de Adão era esconder-se, a do
Senhor revelar-se, não podemos deixar de aceitar o fato de que Genesis 3 a ação
é monergistica, naquela circunstância, Adão e Eva estão escondidos, e o Criador
vem ao encontro de deles. Não há uma inclinação em Adão de procurar o socorro
divino, a inclinação é para a justiça própria, portanto eles vão tomar folhas
vegetais para tentar cobrir a nudez, e isso fala de justiça própria. Não há invocação ao Altíssimo, não há traços
de piedade em Adão, ao ser confrontado ele rejeita a misericórdia pelo
arrependimento e prefere o orgulho próprio colocando a responsabilidade da tragédia
na Mulher e em Deus, “A mulher que tu me destes” (Genesis 3:12) Como no caso de
Cristo, veio para o que era seu mas os seus não o receberam(João 1:11). Todo o cenário é adornado pela misericórdia e
pela justiça de Deus e nada mais, não há injustiça da parte de Deus, veio a sentença,
e então vem a misericórdia, agora podemos
aplicar Genesis 3:15. Mas nunca podemos tentar compreender esse texto sem olhar
com atenção ao contexto. Porque a vinda de Cristo em humilhação (Colossenses
2:9) está figurada na vida do Pai ao Éden, depois de ter sido levantado o muro
da separação por Adão . Ainda que o pecado tenha causado tantas misérias, note
que a ação de Deus é apaziguar toda a situação imediata, cobrindo o casal com
roupas protetoras e decentes, prometendo o triunfo sobre toda a malignidade,
desde então a economia divina é adornada pelo propósito redentor dos pecadores.
Clavio J. Jacinto
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