terça-feira, 17 de abril de 2018

Os Dois Caminhos




Deparei-me diante de dois caminhos, quero falar do primeiro, pois é um caminho largo, é um caminho popular, cheio de pompas. Lá no final do trajeto pude observar uma grande quantidade de nevoas e fumaças coloridas, parecem que querem esconder algo, mas são tão formosas, parecem um arco-íris em movimento, e os olhos são atraídos para lá.  Uma multidão incontável é atraído para seguir esse caminho, e notei que era cativados por causa das novidades durante o percurso, havia na entrada milhares de homens e mulheres, todos formosos distribuindo grinaldas para os viajantes, haviam harpistas e flautistas tocando canções épicas, também homens vestidos de branco e azul com sapatos pretos, com cálices de incenso nas mãos.  Havia o mercado dos bilhetes, nele os peregrinos poderiam pegar ingressos para participar das festas que encontrariam pelos percursos. Havia muitos tambores e danças, por todos os lados. Risos e diversões. Um vendedor de vícios distribuía amostras grátis, garantia prazer durante toda a viagem, também havia vários poços de adultério e fornicação onde todos poderiam  beber e saciar o coração.  É verdade que havia algumas pessoas que caiam entristecidas e doentes durante todo o trajeto. Elas recebiam dos vigilantes da jornada uma apólice de seguros para garantir uma entrada no portal das nevoas e fumaças coloridas e muitos transeuntes aplaudiam esses enfermos da vida.  Uma grande imagem de chuva de ouro e moedas era projetada aos céus, o povo ficava pasmo das maravilhas dessa visão, parece que esse ouro caia após as nevoas e fumaças coloridas.  Durante todo o percurso havia shows e discursos filosóficos religiosos, livro de capas douradas e prateadas, com estórias deslumbrantes dos que chegaram ao fim da jornada, essas estórias eram recebidas através dos visionários que se encontrava com freqüência no caminho largo. Interessante como havia com freqüência chuvas de amor que Caim pelo caminho, então as almas amavam mais ainda todo aquele cenário, as arvores resplandeciam com as folhas envernizadas e muitos tronos eram oferecidos para os que se cansavam do trajeto, Havia também muitos bonecos mecânicos programados para aplaudir todos os que percorriam esse caminho, na verdade havia muito barulho, era um cenário épico, cativante aos aventureiros. O interessante é que quanto mais se aproximava das nevoas coloridas mais o chão era escorregadio ao ponto de não precisarem mais dar passos, pois já eram conduzidos em deslizes constantes para lá, e as dificuldades de um retorno era ainda maiores. Do outro lado daquela nevoa tão colorida, daquela fumaça tão florida, havia um abismo escuro e sem fim, um abismo sem fundo e uma escuridão sinistra, oh que terrível cenário se abria perante os olhos do que caíam...
O caminho Estreito
 Era um caminho simples, seu portal de entrada era uma cruz para começar o percurso, a entrada era feita por uma inclinação do homem, prostrando-se para seguir após a pequena porta que ficava aos pés da cruz, durante todo o trajeto havia pedras para  mortificação, para que todos os sentimentos ruins e vícios e desejos que pesavam a jornada ficassem mortos ali. Havia relva verdejante durante todo o percurso,  um mapa era dado no portal para o viajante.  A estrada era quase vazia, alguns poucos que caminhavam, cantavam.  Uma chuva de consolação, descia nos níveis mais elevados da estrada,  estrelas brilhavam no alto, e la no fim da estrada  a maior de todas as estrelas brilhava num fulgor magnífico, era a Alva,  que enviava  seu brilho aos corações que caminhavam em sua direção. Todo o caminho era duro, feito de rocha, parecia ser toda feita de uma rocha só, ao seu lado seguia um pequeno rio de águas cristalinas.  Alguns lírios vermelhos desabrochavam por todos os lados.  Em vários pontos do trajeto havia arvores com folhas vermelhas, típicas de um outono permanente, também  havia colinas com rochas que fluíam leite e mel, havia um santuário das virtudes, o monumento dos mártires, havia arvores com variados frutos, misericórdia,perdão, graça, paz, temperança, paciência. Frascos de bálsamos eram dados gratuitamente para os que tinham seus pés feridos pela jornada, e muitos firmavam os passo por causa de um som de trombeta que ecoava quando havia alguém desanimado. Tal caminho não era patético, não era um caminho comum, mas especial, só os que Caminham por ele sabem o quanto é um caminho de doçuras e consolos. E no final havia o portal da ressurreição, degrau após degrau, uma elevação sublime até chegar à fonte de tudo o que é verdadeiro, o próprio Cristo que é a verdade, nele o peregrino encontrava todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, o fim da jornada era uma entrada para uma vida infinita na perfeição da glorificação, o ápice da redenção, a vida eterna ao lado do Senhor... Novos Céus e Nova Terra...

(Clavio J. Jacinto)

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