Quando o verbo se fez carne e
veio cheio de graça e verdade, para os que eram o povo dileto, ainda que não o
recebesse, Ele continuou sua jornada no mundo. O brado do Batista ecoa entre as
multidões “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Essa era a regra,
sofrer como um cordeiro mudo, ser pisado e abrir em sua carne as feridas que
nos saram, pois pelas suas pisaduras fomos sarados. A violência da cruz é uma
ofensa silenciosa, Cristo suporta ao custo do derramamento de cada gota de
sangue, o sangue da nova aliança que é derramado por muitos. A seqüência desses
espinhos vem desde sua mais tenra idade, um corpo preparado, uma vida preparada
para ser derramada, pois sem derramamento de sangue não há remissão de pecados.
A grande luta seria o momento crucial, onde o cálice de todas as amarguras
precisava ser sorvido, o fel das abominações humanas estava transbordando, e
num mundo de nevoas um tanto obscuras envolvia aquela noite no Getsemani, e
Cristo estava lá. Orava com ânsias do prefacio de todos os sofrimentos,
dirigindo palavras ao Pai “Afasta de mim esse cálice” porque nela estava o asco
de nossos pecados, o fel de nossas ofensas e o veneno de nossas transgressões.
Sim, as Escrituras dão um bom testemunho que Aquele que não conheceu pecado, o
fez pecado por nós. Ainda mais testificam que Cristo morreu por nós sendo nós
ainda pecadores. E nesse mundo de tantas dores, Cristo entra nesse universo de
duras provações. É um mergulho na lama das nossas lagrimas, uma fatia de todas
as nossas transgressões já bebe na manjedoura, quando a sujeira do mundo e a
escuridão de uma noite sem lâmpadas, simplifica a condição das trevas
espirituais em que o homem se encontra. Nada foi por acaso, a noite e a
rejeição dos abastados, e a vindo ao mundo numa descida aos lugares mais
tenebrosos da terra, morada de violência, ali vem o Cordeiro santo, revestido
em um bebe indefeso que vai chorar diante das calamidades humanas, isso me faz lembrar
uma frase de William Shekespeare: “Choramos ao nascer, porque chegamos a esse
imenso cenário de dementes” Sim o salário do pecado é a morte, e ele toma dessa
miserável sentença sobre si, toma as nossas dores, e carrega sobre si a nossa
condenação. Fez-se maldição por nós,
essa colossal descida para esse mundo, apenas revela o quanto a misericórdia pode
ir mais longe, como a graça pode contribuir para que sejamos justificados sem
merecermos. Nada nos resta senão crer, agradecer,adorar e nos prostrar diante
de um Deus tão bom. Pois não poupou seu único Filho, mas por nós pecadores,
entregou. Um pregador que aprecio, tentou expressar esses fatos de uma forma
clara, desde então tenho meditado sobre o fato de que as palavras humanas são
muito limitadas para expressar o que Deus em Cristo fez pela obra redentora da
cruz:“Um Deus que sofre a dor, injustiça e a morte por nós, é um Deus digno de
nossa adoração. Em um mundo de tantas dores e opressões, como poderíamos dar
nossa maior fidelidade a alguém que fosse imune a tudo isso? Este é um Deus que
sabe como são as tempestades porque ele veio ao mundo e mergulhou direto nas
nossas maiores dores e sofrimentos. Por causa dessa
auto-substituição, podemos ter vida” (Tim Keller- Tradução livre C. J. Jacinto)
Nenhum comentário:
Postar um comentário